Foi mal na Prova Discursiva da ABIN? Ainda há esperança! – Recurso discursiva ABIN

“Fiz a prova discursiva da ABIN já pensando no recurso. ”

“A prova discursiva da ABIN estava muito difícil! ”

“Quando abri a prova discursiva, tomei um susto! ”

“Sério, quando vi a prova discursiva, deu vontade de ir embora sem responder nada! ”

Esses foram alguns dos comentários que eu recebi dos alunos após a prova da ABIN.

Se você teve um rendimento bom na prova objetiva e está com a expectativa de ter a redação corrigida, mas acha que não fez uma boa prova discursiva, seguem algumas informações que podem deixá-lo mais tranquilo.

A prova da Abin, que ocorreu no dia 11/03/2018, foi dividida em prova objetiva e prova discursiva. Foram 64.882 inscritos, concorrendo a 300 vagas, distribuídas em 3 cargos:

  • Oficial de Inteligência: Áreas 1, 2, 3 e 4.
  • Oficial Técnico de Inteligência: Áreas de 1 a 10.
  • Agente de Inteligência.

O Cargo 1 – Área 1 é o que terá maior número de redações corrigidas: 1353 no total. Em seguida, será o Cargo 3, com 200 redações corrigidas, e por fim, o Cargo 2 – Área 1, que terá 110 correções.

Devido à quantidade de redações corrigidas, é bem provável que os aprovados dentro das vagas sejam aqueles que tiveram um melhor desempenho na prova discursiva, haja vista o peso dessa matéria na nota final do concurso.

Para os Cargos 1 e 2, a redação vale 150 pontos, isto é, 50% da nota final!

Para o Cargo 3, a prova vale um pouco menos (40 pontos) e equivale a 25% da nota final.

O que percebi é que a maioria dos candidatos, mesmo aqueles que estudaram, tiveram muita dificuldade para responder aos temas da prova discursiva.

Então, se você teve um rendimento bom na prova objetiva, está com a expectativa de ter a redação corrigida, mas acha que não fez uma boa prova discursiva, há alguns fatos que devem ser observados.

1º) a prova estava difícil para todo mundo;

2º) se você não for bem, ainda tem como recorrer.

1º) A prova estava difícil para todo mundo!

O conteúdo da prova era extenso, mas era extenso para todo mundo. O tema era específico, mas era específico para todo mundo. Ora, se a prova estava difícil, estava difícil para todo mundo.

Conversei com vários candidatos preparados e fiz a seguinte análise da prova discursiva:

CARGO 1 – ÁREA 1:

Dissertação de 60 linhas: O tema sobre “eixos estruturantes” exigia “decoreba” dos 4 eixos estruturantes, dos desafios e dos objetivos estratégicos. Para piorar, o Padrão de Resposta da banca apresentou 33 objetivos estratégicos. Praticamente impossível lembrar de todos na hora da prova.

Questão 1: Tratou de um assunto muito específico: “bipartidarismo entre 1965 e 1982”. Quem conseguiu estudar o assunto e correlacionar o Ato Institucional número 5 (AI-5) com o bipartidarismo, terá ido bem. Porém, quem não teve tempo para estudar o conteúdo exigido, ficou perdido.

Questão 2: Foi a questão mais tranquila. Cobrou um tema mais genérico e direcionado às ações da Abin. Abrangia: inserção do Brasil no âmbito da segurança internacional, terrorismo, crime organizado transnacional e crimes cibernéticos. Quem fez o Curso de Discursiva treinou redações sobre esses assuntos. A dificuldade foi selecionar os argumentos para responder à questão em apenas 30 linhas.

Questão 3: Essa questão trouxe o seguinte tema: “Papel estratégico da água no agronegócio brasileiro”. A água é um assunto recorrente em provas de atualidades do CESPE. A dificuldade dessa prova era relacionar a água com o agronegócio, sem fugir do tema. Todavia, analisando o Padrão de Resposta da banca, era possível desenvolver uma boa redação sem conhecer muito o assunto.

CARGO 2 – ÁREA 2:

Dissertação de 60 linhas: Apesar de ter sido cobrado um tema tranquilo (“papel do planejamento na administração pública brasileira”), não era uma dissertação fácil de se escrever.

A principal dificuldade alegada pelos candidatos foi conseguir relacionar todos os tópicos de forma coerente no texto, pois o enunciado cita diversos tipos de planejamento (no âmbito geral, na organização pública, no processo administrativo, no âmbito econômico e no âmbito governamental, e, por fim, ainda pede para que sejam definidos os programas e os projetos, que são frutos do planejamento), sem deixá-lo repetitivo.

Questão 1: Questão que mistura conhecimento de Direito Constitucional com Administração Financeira e Orçamentária. Não é um tema difícil. Quem se preparou para a prova objetiva, provavelmente não teve grandes dificuldades para responder a esta questão. O desafio, no entanto, era organizar as ideias nas 30 linhas, sem deixar de responder a tudo que foi solicitado.

Questão 2: Essa questão cobrou um tema bem específico e pode ter tirado a tranquilidade de muita gente. Apesar de não ser um tema complexo, ele é da área de Contabilidade Pública. Se o candidato não estudou bem o assunto, pode ter ficado perdido na hora de responder. Afinal, o enunciado pedia respostas bem objetivas, então, o candidato não tinha muita margem para “enrolação”.

No que se refere aos Cargos 1 e 2, o edital prevê que a nota mínima será 50% da nota máxima, apurada de forma separada: Nota da Dissertação (ND) e Nota das Questões (somatório das questões de 30 linhas). Sendo assim, apresentam-se as seguintes regras:

– O candidato, obrigatoriamente, tem que tirar pelo menos 50% na dissertação.

– O candidato pode tirar menos que 50% em uma das questões, desde que compense essa nota nas outras questões e obtenha 50% no somatório das notas das questões.

Como a dissertação de 60 linhas estava bem difícil, é provável que a Banca seja menos criteriosa na correção, pois, se não o fizer, corre o risco de não ter a quantidade suficiente de aprovados.

Já com relação às questões de 30 linhas, ela deverá ser um pouco mais criteriosa. Todavia, como a nota das questões serão somadas para aplicação do mínimo, se você foi muito bem em uma das questões, a chance de ser aprovado é maior. Por exemplo, se tirar ZERO na questão 1, mas conseguir ir bem nas demais questões, poderá ter uma NQ acima da média.

CARGO 3:

O tema da prova foi: “Papel dos governos municipal, estadual e federal nas relações políticas e sociais nas áreas das fronteiras”. É tranquilo discorrer sobre o papel dos governos. No que se refere ao papel da Abin, todo mundo que estudou para a prova sabe sobre o assunto. A maior dificuldade era em discorrer sobre as áreas de fronteira, pois não é um assunto tão presente no dia a dia de quem mora no centro do País.

Segundo o edital, a prova vale 40 pontos e o mínimo exigido para ser aprovado é de 20 pontos. Se você não fugiu do assunto e respondeu a todos os tópicos, dificilmente será eliminado.

O quesito que valia mais pontos era o tópico 2 (18 pontos). Logo, o foco da resposta deveria ser respondê-lo objetivamente. Para isso, era preciso citar as relações comerciais e políticas entre o Brasil e os países da fronteira. Nesse ponto, entram os blocos econômicos, e os problemas de tráfico, migração e crimes ambientais. Se você conseguir as notas máximas em apresentação (2 pontos) e no tópico 2 (18 pontos), já terá a nota mínima necessária para não ser eliminado (20 pontos).

 

2º) O CESPE costuma acatar bem os recursos contra os resultados da prova discursiva.

Depois de analisar o Padrão de Resposta preliminar divulgado pela banca e o enunciado das provas, cheguei à seguinte conclusão: à exceção das questões 1 e 2 do Cargo 2 – Área 1, as demais redações possuem Padrões de Respostas com aspectos subjetivos. Isto é, são critério avaliativos que dão margem à interpretação. Logo, se você tiver a redação corrigida, mas ainda assim não estiver satisfeito com a nota obtida, terá mais uma ótima oportunidade para tentar melhorar a sua classificação.

Conforme consta no Edital, será disponibilizado o resultado final da prova objetiva e o resultado preliminar da prova discursiva no dia 16 de abril de 2018. Então, será aberta a fase de recurso contra o resultado preliminar da prova discursiva. Normalmente, o prazo para elaboração do recurso é de apenas 2 dias úteis.

Essa é a última fase em que o candidato tem a oportunidade de ganhar nota. E esse ganho de nota costuma alterar significativamente a classificação dos candidatos no concurso.

E isso acontece muito! Não foram poucas as vezes em que vi pessoas serem convocadas graças às posições que ganharam depois do deferimento de seus recursos.

Fiz uma análise dos resultados dos recursos dos últimos concursos aplicados pelo CESPE: TCE/PE e TRF 1ª Região. O estudo mostra o grau de aceitabilidade de recursos pela Banca. Veja:

Veja que, no concurso do TCE/PE, 14% dos candidatos conseguiram ganhar pontos.

Além disso, é importante destacar que de todos os candidatos que entraram com recurso, nenhum teve a nota diminuída! A Banca CESPE defere ou não o recurso. Se ela deferir, você ganha pontos e pode melhorar sua classificação. Se ela indeferir, você não perde pontos. Então, sempre vale a pena tentar melhorar a nota obtida.

Deixe-me mostrar casos de sucesso de recursos que fiz para alguns alunos:

“Profesorrrrr a minha nota subiu em 5.58 pontos. Muito obrigada. Mantive o 3º lugar para a minha região!!!!! Obrigadaaaaaa”.

Paola Diógenes –TRF 1ª Região/CESPE/2018

Esse serviço de excelência foi grande aliado para promover um salto relevante na minha classificação final no cargo de AJAJ do TRT da 8ª Região, uma vez que sai da 22ª colocação para a 4ª colocação, um ganho expressivo de 18 posições! Muito obrigada!”

Antonieta Bessa – TRT 8ª Região/2016

Bruno, saiu o resultado do recurso. Conseguimos 3,07 pontos…. Agradeço pela colaboração nesse momento de grande importância na minha carreira. Muito obrigado!

Deiber Vieira – TRF 1ª Região/CESPE/2018

E por que há tanta modificação nas notas após a fase de recurso?

A Banca tem muitas provas para corrigir em um curto prazo de tempo. Para isso, contrata diversos examinadores para fazer as correções. Para a análise do conteúdo, sua prova passa pela mão de 2 examinadores. A sua nota final é a média entre as notas concedidas pelos dois profissionais. Se a diferença entre as notas for muito discrepante, então a sua prova ainda passa pela avaliação de mais um examinador e sua nota passa a ser a média das duas mais altas.

Porém, como já era de se esperar, cada examinador tem uma visão de prova: uns são mais rígidos, outros mais flexíveis. Ao final, essa diferença de perfil entre os examinadores acaba impactando nas notas, gerando muita variação no total de pontos.

No entanto, quando o aluno entra com recurso, há possibilidade de seu texto ser revisto por outro examinador. Se a nota do examinador que avaliar o recurso for maior que uma das notas anteriores, ela entrará no cálculo da média e a sua nota aumentará.

Além disso, ao entrar com recurso, você só tem a possibilidade de aumentar sua nota e não de diminuí-la. Apesar de constar no Edital que a nota pode ser diminuída, isso não ocorre. Afinal, caso houvesse uma diminuição da nota, deveria haver um outro prazo de recurso e isso afetaria o cronograma do concurso inteiro. Por isso, na pior das hipóteses, a Banca indefere o recurso e mantém a nota aplicada.

E VOCÊ? O QUE ACHOU DA PROVA DISCURSIVA DA ABIN?

Compartilhe comigo, aqui nos comentários, a sua visão sobre a prova e as principais dificuldades que teve em respondê-la!

Bom, finalizo esse artigo desejando a você boa sorte e torcendo para que sua redação seja corrigida!

Se precisar de algo, estou à disposição!

Bruno Marques

 

Veja também a Diferença entre Dissertação X Questão – Discursiva ABIN

Recursos para a Abin, veja Aqui!

Resultados Abin: Aqui!

Para ver as provas discursivas, incluindo questões e dissertação, clique no cargo e área correspondente:

 

 

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Silvio da Silva
Silvio da Silva
6 anos atrás

As observações muito bem feitas.

Vanessa Gabriele Ribeiro Da Mata
Vanessa Gabriele Ribeiro Da Mata
6 anos atrás

Prof. Bruno Marques, qual a sua dica para ajaj -STJ?

Vanessa Gabriele Ribeiro Da Mata
Vanessa Gabriele Ribeiro Da Mata
Responder para  Bruno Marques
6 anos atrás

Muito obrigada!

paulo
paulo
6 anos atrás

Como contrato o serviço?

Érick
Érick
6 anos atrás

A prova estava muito difícil mesmo. Já estava estudando pra ABIN desde julho umas 20 horas por semana. A partir do dia 02 de janeiro tirei férias até o dia 11 de março e passei a estudar de segunda a segunda 10 a 12 horas por dia até o último dia.
Consegui responder de forma satisfatória às três questões discursivas mas fiquei com muita dificuldade em responder a questão dissertativa sobre a Estratégia Nacional de Inteligência.
Uma vez que estudei muito, inclusive tendo estudado o PDF da ENINT três vezes, acabei conseguindo fazer a redação aos trancos e barrancos elencando a necessidade de cooperação entre os órgãos, projeção internacional, uso dos meios técnico-científicos disponíveis, inclusive com grande volumes de informações “big data” dentre vários outros aspectos. Cuspi várias informações.
Contudo, da forma como o CESPE pediu ficou muito difícil, pois a banca separou pontos para EIXOS, DESAFIOS e OBJETIVOS.
Lembrar todos e quem era o que e organiza-los somente era possível para quem tinha lido no dia anterior a tabela da ENINT.
Como eu já estava a umas duas semanas sem lê-la e não a revisei foi um caos.

Nicole B
Nicole B
6 anos atrás

A questão do agro-hidronegocio (Oficial de Inteligência) não extrapolou o edital?

Nicole B
Nicole B
Responder para  Bruno Marques
6 anos atrás

Entendi.
Obrigada pela resposta.

francisco junior
francisco junior
6 anos atrás

professor como contrato o recurso?

Edmilson
Edmilson
6 anos atrás

Bom dia professor, estou pensando em entrar com recurso na discursiva, quanto custa o recurso e como faço para que seja feito.