Dicas de recurso para discursiva da CLDF

Professor Bruno Marques

A divulgação do resultado preliminar da prova discursiva do Cargo de Técnico Legislativo da CLDF está próxima. Após a divulgação, será aberto o prazo para recurso contra o resultado preliminar da prova discursiva. Nessa fase, você pode:

– Melhorar a nota da sua prova discursiva;

– Ganhar algumas colocações; e/ou

– Deixar de perder algumas posições.

Porém, a Banca FCC tem algumas particularidades e conhecê-las é extremamente importante para essa fase de recurso. Além disso, o Manual de Redação da Presidência da República (MRPR) traz várias brechas que dão margem para recurso. Considerando isso, montei esse artigo com o seguinte tema:

DICAS DE RECURSO PARA DISCURSIVA DA CLDF!

É muito importante que você fique atento às informações deste artigo!!! Afinal, você só será beneficiado se entrar com o seu próprio recurso!

A Banca Fundação Carlos Chagas (FCC) permite que o candidato interponha recurso individual contra o resultado preliminar da prova discursiva diretamente no site. É a única fase em que a majoração não é atribuída a todos os candidatos, mas tão somente àquele que recorreu do resultado. Por isso, trata-se de um recurso INDIVIDUAL.

Esse ponto é de fundamental importância. Não adianta interpor um recurso genérico. Se o seu recurso ficar igual ao de outro candidato, a banca não vai ler nenhum dos dois. Por isso, já seguem 3 alertas:

  • Não copie o recurso de outro candidato;
  • Não forneça o seu recurso para ninguém;
  • Seja bem específico na sua argumentação!

Se você não sabe como ser específico na argumentação, continue lendo esse artigo. Vou te dar dicas de como fazer isso mais à frente!

Para facilitar, dividi o artigo em 4 partes essenciais:

  • IMPORTÂNCIA DO RECURSO;
  • POSSIBILIDADE OU NÃO DE REDUZIREM A NOTA?
  • ENTENDENDO O ESPELHO DE CORREÇÃO;
  • CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DE UM RECURSO.

IMPORTÂNCIA DO RECURSO

Muitos candidatos não se atentam a essa fase do recurso, pois mal sabem da importância dela.  Essa é a uma das poucas fases em que o candidato tem a oportunidade de ganhar nota. E esse ganho de nota costuma alterar significativamente a classificação de alguns candidatos.

E isso acontece muito! Não foram poucas as vezes em que vi pessoas serem convocadas graças às posições que ganharam depois do deferimento de seus recursos.

Deixe-me mostrar casos de sucesso de recursos que fiz para alguns alunos:

“Gostaria de agradecer ao professor Bruno Marques pelo recurso elaborado. Ganhei 2,5 pontos, quando quase ninguém conseguiu. Fui o segundo que mais ganhou ponto. Com isso, consegui subi 3 posições e agora tenho chances de ser convocado. Sei que isso tudo se deu graças à competência e qualidade do serviço executado. Obrigado! ”

João Lucas Carneiro –TCE/PR/2017

“Professorrrrr a minha nota subiu em 5.58 pontos. Muito obrigada. Mantive o 3º lugar para a minha região!!!!! Obrigadaaaaaa”.

Paola Diógenes –TRF 1ª Região/ 2018

“Esse serviço de excelência foi grande aliado para promover um salto relevante na minha classificação final no cargo de AJAJ do TRT da 8ª Região, uma vez que sai da 22ª colocação para a 4ª colocação, um ganho expressivo de 18 posições! Muito obrigada!”

Antonieta Bessa – TRT 8ª Região/2016

 Bruno, saiu o resultado do recurso. Conseguimos 3,07 pontos…. Agradeço pela colaboração nesse momento de grande importância na minha carreira. Muito obrigado!

Deiber Vieira – TRF 1ª Região /2018

Professor, essa majoração de nota também acontece em provas da FCC?

Essa é uma pergunta muito pertinente. Ao contrário de outras bancas examinadoras, a FCC costuma ser bem criteriosa nessa fase de recurso. Com a experiência de anos que tenho nessa fase do concurso, foram poucos os casos de majoração. Inclusive, em alguns concursos, a Banca não concedeu pontos para nenhum candidato.

Trata-se de um posicionamento, de certa forma, prepotente da Banca. Afinal, não deferir nenhum recurso significa dizer que todas as notas estão corretas. Porém, humanamente falando, é impossível que em um concurso com mais de 400 redações corrigidas todas as correções estejam 100% corretas.

Como é de se esperar, cada examinador tem uma visão de prova: uns são mais rígidos, outros mais flexíveis. Ao final, essa diferença de perfil entre os examinadores acaba impactando nas notas, gerando variação no total de pontos concedidos. Então, há sim uma margem de erro relacionada à correção das provas discursivas e é por esse motivo que existe a fase de recurso.

Diante de tais fatos, vários candidatos têm reclamado junto à Banca e junto à Justiça para que a Banca FCC mude a sua forma de avaliar os recursos. Acredito que aos poucos isso venha a acontecer. Pode ser, inclusive, que a banca passe a acatar mais recursos justamente nesse seu concurso!

HÁ POSSIBILIDADE DE REDUZIREM A NOTA?

Essa é uma das principais dúvidas dos candidatos. Quando se está em uma boa colocação no concurso, sempre bate aquele medo de entrar com o recurso, ter a nota diminuída e perder posições, certo?

Pois bem, acompanho concursos há mais de 10 anos. Durante toda a minha jornada, NUNCA vi uma nota ser diminuída por conta do recurso da prova discursiva. Já conversei com diversos professores e eles também nunca viram um caso de diminuição de nota.

A razão encontra-se no próprio Direito. O concurso público é um ato administrativo que possui várias fases. Em algumas fases, como é o caso do resultado da prova discursiva, a Banca é obrigada a conceder o direito de contraditório, por isso existe a fase de recurso. Sendo assim, o recurso da prova discursiva possui natureza jurídica de recurso administrativo.

O recurso administrativo difere-se do recurso judicial, pois pode questionar não apenas a legalidade, mas também o mérito do objeto do ato administrativo. O papel da Administração, representada pela Banca Examinadora, é o de modificar ou confirmar seu próprio ato, convencendo-se ou não da ilegalidade ou da inconveniência apontada no recurso. Qualquer mudança de nota, implicaria na necessidade de motivação expressa da Banca, pois todo ato administrativo deve ser motivado.

Desta forma, caso houvesse uma diminuição de nota, a banca deveria abrir um novo prazo para recurso. Logicamente, as Bancas não fazem isso, pois teriam que alterar todo o cronograma do concurso, gerando custos desnecessários à instituição.

Percebe-se que, ao entrar com recurso, é ínfima a possibilidade de sua nota ser diminuída. Por isso, a meu ver, sempre vale a pena entrar com recurso. Afinal, só terá a nota da prova discursiva majorada quem recorrer, certo? Já que você não perderá pontos, o que custa tentar? O máximo que vai ganhar é um “não”!

 ENTENDENDO O ESPELHO DE CORREÇÃO

 A prova discursiva da CLDF foi bem atípica se comparada com outras provas aplicadas pela Banca FCC. Desta vez, o edital previu a elaboração de uma redação oficial. O tipo de redação oficial cobrado foi o Ofício, um modelo de redação cheio de regras e peculiaridades bem específicas previsto no Manual de Redação da Presidência da República (MRPR). O enunciado da questão é:

Atenção:

Está dispensado o espaçamento entre as linhas exigido na formatação oficial do documento.

Há dois anos está em funcionamento o Cadastro Nacional de Violência Doméstica. O Sistema coleta informações sobre o número de inquéritos instaurados, com classificação pelos motivos do crime, pelo tipo de relação da vítima com o autor do crime, entre outras.

Por ocasião da avaliação dos resultados dos 12 anos de promulgação da Lei Maria da Penha, em nome da Deputada Adélia de Almeida, redija um Ofício solicitando informações estatísticas ao Coordenador do Sistema, Rômulo Rodrigues, a respeito do perfil socioeconômico de vítimas e agressores.

O documento deverá ser redigido em conformidade com o Manual da Presidência da República, e conter os seguintes elementos:

  • a depender do andamento das tratativas acerca da propositura em pauta, poder-se-á instalar, por Ato do Presidente da Casa Legislativa, Comissão Especial que abrigue Discussão e aprovação do plano de trabalho relativo ao temário;
  • a priori, da cúpula do Executivo da atual Gestão, pretende-se convidar, para um primeiro encontro a discutir o assunto, o chefe da Casa Civil e da Secretaria da Mulher, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos;
  • debates importantes precisam ser realizados a respeito da temática;
  • vislumbram-se encaminhamentos, em momento oportuno, de requerimentos de informações aos Secretários de Estado, cujas missões revelem afinidade com a proposição que se pretende minutar;
  • há um projeto fundamental para o Distrito Federal que deve ser apreciado;
  • a propositura do projeto deverá introduzir ao menos duas consultas públicas, a serem efetuadas antes do período do recesso parlamentar do corrente.

A correção da prova levará em consideração o espelho de correção divulgado no Edital da Banca, que está dividido em CONTEÚDO, ESTRUTURA e EXPRESSÃO. Cada um dos critérios avaliará um aspecto específico da prova. Veja:

9.4.1 Conteúdo – até 25 (vinte e cinco) pontos:

Capacidade de desenvolvimento do tema proposto, com clareza, coerência e concisão, considerando que a transparência do sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são requisitos da Redação Oficial, conforme estabelecido no Manual da Presidência da República (2002).

A nota será prejudicada, proporcionalmente, caso ocorra abordagem parcial e/ou colagem de textos e de questões apresentados na prova.

9.4.2 Estrutura – até 50 (cinquenta) pontos:

a) respeito ao gênero solicitado, em conformidade com as especificações do Manual da Presidência da República (2002);

b) uniformidade e encadeamento de ideias;

c) coesão textual (articulação de frases e parágrafos).

9.4.3 Expressão – até 25 (vinte e cinco) pontos:

a) impessoalidade e desempenho linguístico de acordo com o nível de conhecimento exigido na elaboração das comunicações oficiais;

b) adequação do nível de linguagem adotado à produção proposta e coerência no uso;

c) domínio da norma culta formal, com atenção aos seguintes itens: estrutura sintática de orações e períodos, elementos coesivos; concordância verbal e nominal; pontuação; regência verbal e nominal; emprego de pronomes e formas de tratamento; flexão verbal e nominal; uso de tempos e modos verbais; grafia e acentuação.

Então, para elaborar o recurso, você deve primeiro analisar em quais desses critérios você perdeu pontos. Depois, deve montar uma estratégia para recorrer. As regras que você deve considerar para montar a sua estratégia são:

CONTEÚDO: você deve demonstrar que todo os tópicos exigidos no enunciado foram abordados na sua redação. Para isso, uma ótima estratégia é montar um comparativo: Tópico exigido no enunciado e Resposta do candidato. Além disso, deve destacar trechos que comprovem o atendimento aos requisitos do MRPR: clareza, coerência e concisão.

ESTRUTURA: comparar os requisitos estrutura do Ofício no MRPR com a sua redação. Se tiver atendido a todos os requisitos, basta demonstrar de forma bem objetiva e pedir a nota máxima. Novamente, um comparativo simples é a melhora opção. Contudo, se tiver esquecido de inserir algum requisito (endereçamento, vocativo, fechamento, data, etc.), sua meta será demonstrar que o desconto da pontuação não foi proporcional. Por exemplo, se o Ofício exige 10 requisitos de estrutura e você apresentou 8, sua nota deve ser de 80% (80% x 50pts = 40 pts). Caso tenha tirado menos que 40, deve entrar com recurso.

EXPRESSÃO:  você deve recortar trechos do seu texto que demonstrem a utilização de uma linguagem formal e impessoal. A utilização de voz passiva (sintética ou analítica) ou orações sem sujeitos são bons exemplos para fundamentar o seu recurso. Ademais, também pode relacionar os erros de gramática que cometeu e verificar se o desconto foi justo ou não. Logicamente, nesse aspecto é necessário um bom conhecimento das regras gramaticais.

CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DE UM RECURSO

Vale a pena fazer recurso. Isso é verdade! Todavia, não adianta elaborá-lo de qualquer maneira. Há algumas regras e dicas que você deve seguir para não ter seu recurso indeferido antes de chegar nas mãos do examinador.

Então, vamos analisar algumas características essenciais de um recurso, levando em conta o Edital da FCC:

1º) Como fazer um recurso individualizado

O recurso individualizado é aquele único, sem qualquer similaridade com outros recursos. Para isso, é necessário fazer referências diretas ao seu texto. Essas referências podem ser citação de trechos do texto ou indicações de linhas.

Para ficar mais fácil de entender, vou mostrar um exemplo do que você NÃO deve fazer:

Halliday e Hasan (1976) dizem que a coesão tem a ver com o modo como o texto está estruturado semanticamente. É, portanto, um conceito semântico que se refere às relações de significado que existem dentro do texto e fazem dele um texto e não uma sequência aleatória de frase. A coesão é a relação semântica entre dois elementos do texto, de modo que um deles tem de ser interpretado por referência ao outro, pressupondo-o.

Widdowson (1978) diz que a coesão “é o modo pelo qual as frases ou partes delas se combinam para assegurar um desenvolvimento proposicional…” O texto em análise é coeso e se constrói com elementos de ligação são pronomes, verbos, advérbios, conectores coesivos (termos e expressões); e sem sequenciadores, sendo o lugar do conector marcado por sinais de pontuação (vírgula, ponto, dois-pontos, ponto-e-vírgula).

Segundo Koch e Travaglia (1989:13), a coesão é explicitamente apresentada através de elementos linguísticos, indicações na estrutura superficial do texto, sendo de caráter claro e direto, expressando-se na organização sucessiva do texto. Halliday e Hasan (1976 apud Koch & Travaglia, 1989:13)

A explicitação deste ponto citado acima encontra-se em todo o texto.

Muitos candidatos vão achar que esse recurso está excelente, pois conta com bastante embasamento teórico. Todavia, este é um grande equívoco. Recursos assim não comprovam nada para o examinador.

Em primeiro lugar, parece mais uma aula de coesão e o examinador não precisa que você ensine a ele o que é “coesão textual”. Em segundo lugar, porque se trata de um recurso genérico e cansativo. Além de não fazer referência em nenhum momento ao texto do candidato, é muito chato de ler. O examinador vai dormir antes mesmo de chegar no terceiro parágrafo.

Em alguns casos, recursos assim são indeferidos preliminarmente, sem sequer passar pelas mãos do examinador.

 2º) O recurso deve ser tempestivo

A Banca FCC é bem rigorosa com o prazo de interposição do recurso. Após a divulgação do resultado com a nota da prova discursiva, o candidato possui 10 dias úteis para elaborar o recurso. Como o prazo é grande, muita gente acaba deixando para última hora e esquece o prazo. O ideal é elaborar o seu recurso o quanto antes.

A plataforma de interposição de recurso da Banca FCC não permite o “Ctrl+C/Ctrl+V”. Logo, se você fizer o recurso no Word, deverá digitar tudo novamente na plataforma da FCC. Isso pode levar tempo, por isso, não deixe para a última hora, ok?

3º) No recurso não deve constar nenhuma forma de identificação do aluno

Ao elaborar o recurso, muitos candidatos tem a mania de inserir seus nomes: “ Eu, Fulano de tal, gostaria de recorrer do resultado…”.

Se você fizer isso, terá seu recurso indeferido antes de chegar na mão do examinador. Então, nada de se identificar, ok?

Todavia, não há problema em citar a nota que tirou em determinado critério. Afinal, o objetivo do recurso é contestar a nota atribuída.

4º) O recurso deve ser claro e objetivo

Esse é o grande desafio do recurso. O candidato deve ir direto ao ponto e explicar para o examinador porque sua nota deve ser majorada, sem fazer muitos rodeios.

Os argumentos, no entanto, devem ser claros. Por isso, utilizar uma linguagem simples, técnicas de enumerações e divisão em tópicos ajudam muito.

Antes de enviar seu recurso, pergunte a você mesmo: Se eu tivesse 100 recursos para ler, leria o meu? Se achar que o seu recurso está cansativo, melhore o texto. Coloque-se sempre no lugar do examinador.

5º) Atenção à linguagem utilizada

A linguagem é muito importante. Trata-se de um texto de natureza individual. Logo, o recurso pode ser escrito de forma impessoal ou na 1ª pessoa no singular (Eu).

Por isso, cuidado! Escrever o recurso na 1ª pessoa no plural (Nós), não cai bem, ok?

6º) Devo contratar um especialista para fazer o meu recurso?

Como se trata de uma fase importante, é comum que os candidatos procurem professores que possuam experiência na elaboração de recursos. E isso é uma ótima opção, caso tenha recursos financeiros disponíveis ou possua grandes chances de ser convocado no concurso.

Em primeiro lugar, porque o professor tem acesso a várias provas do seu concurso, logo, poderá fazer uma análise mais profunda e entender como a Banca está corrigindo as provas.

Em segundo lugar, porque o especialista tem prática nesse tipo de serviço e sabe como e quais os pontos que devem ser contestados. Inclusive, possuem modelos de recursos que já deram certo e isso pode fazer toda a diferença.

Por fim, na elaboração de recursos acerca dos aspectos gramaticais, é necessário um conhecimento mais aprofundado da língua portuguesa.

Porém, cuidado na hora de contratar um especialista!

O recurso contra o resultado da prova discursiva deve ser sempre individualizado. Recursos iguais ou semelhantes serão preliminarmente indeferidos. Isto é, se seu recurso for muito genérico ou igual ao de outro candidato, a Banca nem vai ler. Possivelmente, vai indeferi-lo antes de encaminhá-lo ao examinador.

Já vi casos em que um professor redigiu o mesmo recurso (genérico) para diversos alunos e entregou-os faltando apenas 1 hora para o encerramento do prazo de interposição do recurso. Resultado: não havia mais tempo para os alunos refazerem seus próprios recursos, tiveram os recursos indeferidos, gastaram dinheiro e ainda perderam a chance de melhorarem suas classificações no concurso!

Portanto, fique sempre atento ao histórico do professor caso venha a contratar um serviço de recurso, ok?

Bom, espero ter facilitado a sua vida! A equipe do Você Concursado e eu estaremos à disposição para lhe ajudar nesta fase!

Caso tenha alguma dúvida, pode deixar um comentário que terei o maior prazer em responder!

Professor: Bruno Marques

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