STM – Recurso da Prova Discursiva – O que você precisa saber?
A divulgação do resultado preliminar da prova discursiva do Supremo Tribunal Militar (STM) está próxima.
O recurso da prova discursiva é uma fase importantíssima do concurso e a fase para contestar o resultado preliminar será de apenas 2 dias úteis!
Serão muitas redações corrigidas para poucas vagas! Como cada ponto fará a diferença na classificação final. Por isso, elaborei este artigo falando sobre:
O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE ELABORAÇÃO DE RECURSO?
A Banca CESPE permite que o candidato interponha recurso individual contra o resultado preliminar da prova discursiva. É a única fase em que a majoração da nota não é atribuída a todos os candidatos, mas tão somente àquele que recorreu do resultado. Por isso, trata-se de um recurso INDIVIDUAL.
No concurso do TCU no qual fui aprovado, haviam 22 vagas. Tinha ficado em 24º lugar, mas após o recurso que elaborei, ganhei pontos e subi 4 posições. Isto é, consegui uma colocação dentro do número de vagas!
Por isso, é muito importante que você fique atento às informações deste artigo!!! Afinal, você só será beneficiado se entrar com o seu próprio recurso!
Dividi o artigo em 4 partes essenciais:
- Importância do recurso;
- Entendendo o espelho de correção;
- Há possibilidade de reduzir a nota?
- Características essenciais de um recurso.
IMPORTÂNCIA DO RECURSO
Muitos candidatos não se atentam a essa fase do recurso, pois mal sabem da importância dela. Essa é a última fase em que o candidato tem a oportunidade de ganhar nota. E esse ganho de nota costuma alterar significativamente a classificação dos candidatos no concurso.
E isso acontece muito! Não foram poucas as vezes em que vi pessoas serem convocadas graças às posições que ganharam depois do deferimento de seus recursos.
Fiz uma análise dos resultados dos recursos dos últimos concursos aplicados pelo CESPE: TCE/PE e TRF 1ª Região. O estudo mostra o grau de aceitabilidade de recursos pela Banca . Veja:
Observe que, na melhor dos cenários, 14% dos candidatos conseguiram ganhar pontos. Podemos concluir então que ganhar pontos com recurso representa a exceção e não a regra.
Além disso, é importante destacar que computei qualquer ganho de nota. Se o candidato ganhou 0,06 pontos com o recurso, está computado dentre aqueles que tiveram recursos providos.
Todavia, dentre todos os candidatos, nenhum teve a nota diminuída! A Banca CESPE defere ou não o recurso. Se ela deferir, você ganha pontos e pode melhorar sua classificação. Se ela indeferir, você não perde nada. Então, vale ou não vale a pena tentar?
Deixe-me mostrar casos de sucesso de recursos que fiz para alguns alunos:
“Profesorrrrr a minha nota subiu em 5.58 pontos. Muito obrigada. Mantive o 3º lugar para a minha região!!!!! Obrigadaaaaaa”.
Paola Diógenes –TRF 1ª Região/CESPE/2018
Esse serviço de excelência foi grande aliado para promover um salto relevante na minha classificação final no cargo de AJAJ do TRT da 8ª Região, uma vez que sai da 22ª colocação para a 4ª colocação, um ganho expressivo de 18 posições! Muito obrigada!”
Antonieta Bessa – TRT 8ª Região/2016
Bruno, saiu o resultado do recurso. Conseguimos 3,07 pontos…. Agradeço pela colaboração nesse momento de grande importância na minha carreira. Muito obrigado!
Deiber Vieira – TRF 1ª Região/CESPE/2018
E por que há tanta modificação nas notas após a fase de recurso?
A Banca tem muitas provas para corrigir em um curto prazo de tempo. Para isso, contrata diversos examinadores para fazer as correções. Para a análise do conteúdo, sua prova passa pela mão de 2 examinadores. A sua nota final é a média entre as notas concedidas pelos dois profissionais. Se a diferença entre as notas for muito discrepante, então a sua prova ainda passa pela avaliação de mais um examinador e sua nota passa a ser a média das duas mais altas.
Porém, como já era de se esperar, cada examinador tem uma visão de prova: uns são mais rígidos, outros mais flexíveis. Ao final, essa diferença de perfil entre os examinadores acaba impactando nas notas, gerando muita variação no total de pontos.
No entanto, quando o aluno entra com recurso, há possibilidade de seu texto ser revisto por outro examinador. Se a nota do examinador que avaliar o recurso for maior que uma das notas anteriores, ela entrará no cálculo da média e a sua nota aumentará.
ENTENDENDO O ESPELHO DE CORREÇÃO
A prova discursiva foi aplicada para todos os cargos de analistas e vale 40 pontos. O candidato que tirar abaixo de 20 será reprovado.
Como você verá, o seu Espelho da Correção é dividido em aspectos Macroestruturais e Micro estruturais:
MACROESTRUTURAIS: está subdividido em Quesito 1.0 (Apresentação) e Quesito 2.0 (Desenvolvimento do Tema). Este último quesito é composto da seguinte maneira: 2.1, 2,2 e/ou 2,3, a depender da quantidade de tópicos no enunciado da questão discursiva.
MICRO ESTRUTURAIS: obediências às regras gramaticais (ortografia, morfossintaxe e propriedade vocabular).
Para os aspectos MACROESTRUTURAIS, a lógica da Banca é a seguinte: se o candidato responder corretamente ao quesito, ganha nota máxima. Se não, é penalizado negativamente e proporcionalmente, de acordo com o nível da sua resposta.
Professor, mas como o examinador vai saber se eu respondi corretamente?
Para o quesito Apresentação, a banca vai analisar a sua letra, a obediência às margens e a estrutura textual, isto é, se o seu texto realmente é um texto dissertativo. Aqui, a Banca não costuma ser muito criteriosa e concede nota máxima à maioria dos candidatos. Logo, se não tiver ganhado a nota máxima, vale a pena entrar com recurso.
Já no quesito Desenvolvimento do tema, o recurso é um pouco diferente. A Banca possui uma resposta ideal para cada tópico do enunciado, a qual será disponibilizada no “Padrão de Resposta”. Para que você entenda melhor, a correção da sua prova funciona como um check-list. O examinador faz um comparativo entre o que você escreveu e o padrão de resposta. Quanto mais pontos do Padrão de Resposta você escrever, maior será a sua pontuação.
Depois de definida a nota de macroestrutura, serão descontados os erros de gramática (MICRO ESTRUTURAIS). Para calcular o erro, basta dividir a quantidade de erros pela quantidade de linhas efetivamente escritas.
Vamos supor que o candidato cometeu 12 erros de gramática e escreveu 30 linhas. Logo, sua penalidade em gramática será de 0,4 pontos (12/30).
Como pode perceber, os erros de gramática possuem um impacto muito pequeno na nota final. Todavia, para aqueles candidatos que precisam de apenas alguns décimos para subir posições, vale muito a pena analisar com cuidado esses aspectos gramaticais.
HÁ POSSIBILIDADE DE REDUZIREM A NOTA?
Essa é uma das principais dúvidas dos candidatos. Quando se está em uma boa colocação no concurso, sempre bate aquele medo de entrar com o recurso, ter a nota diminuída e perder posições, certo?
Pois bem, acompanho concursos há mais de 10 anos. Durante toda a minha jornada, NUNCA vi uma nota ser diminuída por conta do recurso da prova discursiva. Já conversei com diversos professores e eles também nunca viram um caso de diminuição de nota.
A razão encontra-se no próprio Direito. O concurso público é um ato administrativo que possui várias fases. Em algumas fases, como é o caso do resultado da prova discursiva, a Banca é obrigada a conceder o direito de contraditório, por isso existe a fase de recurso. Sendo assim, o recurso da prova discursiva possui natureza jurídica de recurso administrativo.
O recurso administrativo difere-se do recurso judicial, pois pode questionar não apenas a legalidade, mas também o mérito do objeto do ato administrativo. O papel da Administração, representada pela Banca Examinadora, é o de modificar ou confirmar seu próprio ato, convencendo-se ou não da ilegalidade ou da inconveniência apontada no recurso.
Deste modo, cabe à Banca apenas deferir ou indeferir o recurso, não podendo alterar a nota com base em critérios não abordados no recurso. Isto é, se você pediu para aumentar a nota, a banca só pode manter a nota ou aumentá-la, uma vez que você não pediu para diminuir. Não há como deferir uma diminuição de nota se não foi isso que você argumentou no recurso.
Ressalta-se que, caso houvesse uma diminuição de nota, a banca deveria abrir um novo prazo para recurso. Logicamente, as Bancas não fazem isso, pois teriam que alterar todo o cronograma do concurso, gerando custos desnecessários à instituição.
Percebe-se que, ao entrar com recurso, você só tem a possibilidade de aumentar sua nota e não de diminuí-la, apesar de não constar no Edital essa garantia.
Por isso, a meu ver, sempre vale a pena entrar com recurso. Afinal, só terá a nota da prova discursiva majorada quem recorrer, certo? Já que você não perderá pontos, o que custa tentar? O máximo que vai ganhar é um “não”!
CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DE UM RECURSO
Vale a pena fazer recurso. Isso é verdade! Mas não adianta fazer de qualquer jeito. Há algumas regras e dicas que você deve seguir para não ter seu recurso indeferido antes de chegar nas mãos do examinador.
Então, vamos analisar algumas características essenciais de um recurso, levando em conta o Edital do CESPE:
1º) O recurso deve ser tempestivo:
A Banca CESPE é bem rigorosa com o prazo para interposição do recurso. Normalmente, o candidato possui 2 dias úteis: de 9h do primeiro dia até às 18h do segundo dia.
São menos de 2 dias para fazer o recurso e inserir na plataforma do site. Depois do recurso pronto, você ainda deve contar o tempo que demora para inserir na plataforma da Banca. Por isso, não é bom deixar para a última hora.
2º) O recurso, em regra, não deve contestar o Padrão de Resposta;
A banca definiu o Padrão de Resposta e já concedeu prazo para questioná-lo. Esse padrão serve de base para a correção de todas as provas dissertativas. A definição desses critérios garante a isonomia e a objetividade da correção.
Ora, se um candidato entra com um recurso questionando alguns dos critérios avaliativos, terá muito mais dificuldade para conseguir êxito no recurso. Explico o motivo:
Para a Banca acatar esse tipo de recurso, teria que reavaliar todas as redações com base no novo critério. Logicamente, isso afetaria todo o cronograma do concurso. E isso não pode ocorrer, certo?
Além disso, o CESPE é claro em seu edital: O candidato não pode questionar novamente o Padrão de Resposta.
Por isso, não adianta encher o seu recurso de referência bibliográfica. O foco deve ser sempre uma análise comparativa entre a redação e os critérios avaliativos definidos pela Banca no Padrão de Resposta Definitivo, ok?
3º) O recurso deve ser claro e objetivo;
Esse é o grande desafio do recurso. O candidato deve ir direto ao ponto e explicar para o examinador porque sua nota deve ser majorada, sem fazer muitos rodeios.
Os argumentos, no entanto, devem ser fortes. Por isso, utilizar uma linguagem simples e técnicas de enumerações e tópicos ajudam muito.
Antes de enviar o seu recurso, pergunte a você mesmo: Se eu tivesse 100 recursos para ler, eu leria o meu? Se achar que o seu recurso está cansativo, melhore o texto. Coloque-se sempre no lugar do examinador.
4º) Atenção à linguagem utilizada.
A linguagem é muito importante. Trata-se de um texto de natureza individual. Logo, o recurso pode ser escrito de forma impessoal ou na 1ª pessoa no singular (Eu). Porém, cuidado! Escrever o recurso na 1ª pessoa no plural (Nós) não cai bem, ok?
5º) Devo contratar um especialista para fazer o meu recurso?
Como se trata de uma fase importante, é comum que os candidatos procurem professores que possuem experiência em redigir recursos. E isso é uma ótima opção, caso tenha recursos financeiros disponíveis.
Em primeiro lugar, porque o professor tem acesso a várias provas do seu concurso, logo, poderá fazer uma análise mais profunda e entender como a Banca está corrigindo as provas.
Em segundo lugar, porque o especialista tem prática nesse tipo de serviço e sabe como e quais os pontos que devem ser contestados.
Por fim, na elaboração de recursos acerca dos aspectos gramaticais, é necessário um conhecimento mais aprofundado da língua portuguesa.
Porém, cuidado na hora de contratar um especialista!
O recurso contra o resultado da prova discursiva deve ser sempre individualizado. Recursos iguais ou semelhantes serão preliminarmente indeferidos. Isto é, se seu recurso for muito genérico e igual ao de outro candidato, a Banca nem vai ler. Possivelmente, vai indeferi-lo antes de encaminhar para o examinador.
Já vi casos em que um professor redigiu o mesmo recurso (genérico) para diversos alunos e entregou faltando apenas 1 hora antes de encerrar o prazo para interposição do recurso. Resultado, os alunos não tinham mais tempo para refazer o próprio recurso, tiveram o recurso indeferido, perderam dinheiro e ainda não tiveram a chance de melhorar suas classificações no concurso!
Portanto, fique sempre atento ao histórico do professor, caso venha a contratar um serviço de recurso, ok?
Bom, pessoal, espero que tenha facilitado a vida de vocês! Eu e a equipe do Você Concursado estaremos à disposição para lhe ajudar nesta fase!
Caso tenha alguma dúvida não esclarecida, pode deixar um comentário que terei o maior prazer em responder!
Professor: Bruno Marques
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