STM – Prova discursiva comentada – Analista Judiciário Área Administrativa (AJAA) – Cargo 01
Meus estimados guerreiros e guerreiras,
Fiz comentários referentes à prova discursiva para o cargo de Analista Judiciário – Área Administrativa – Cargo 01. Creio que foi uma dissertação bastante tranquila para os candidatos que se preparam com antecedência, pois os tópicos foram abordados pela Banca de maneira bastante clara e objetiva. Vamos à análise!
Na trajetória da administração pública brasileira, destacam-se o modelo burocrático, associado ao poder racional-legal, e o modelo gerencialista, representado pela nova administração pública. Discorra sobre os seguintes tópicos, relacionados a esses dois modelos:
- Contextos em que esses modelos surgiram;
- Propósito de cada um desses modelos;
- Princípios e práticas norteadores (apresente, ao menos, três para cada modelo).
Vamos à análise:
Contextualização referente ao Tópico 1:
Surgimento do Modelo Burocrático
O patrimonialismo foi introduzido no Brasil pelas colônias portuguesas absolutistas, por isso, não há que se falar em implantação do patrimonialismo no Brasil. Fala-se, porém, de um surgimento, de uma herança administrativa. Tal Administração era um modelo totalmente centralizador, preocupado apenas em satisfazer as vontades do Rei e dos seus escolhidos. Tratava-se de um sistema totalmente irracional e injusto, onde os mais pobres eram cada vez mais taxados e cobrados, enquanto que os mais ricos eram cobrados de maneira desproporcional as suas posses. A Burocracia, que foi a primeira forma de Administração Pública a ser implantada no Brasil, surgiu com o intuito de evitar a corrupção e o nepotismo evidentes no patrimonialismo, além verificar se as instituições estavam seguindo as normas e regulamentos estabelecidos.
Resumindo, em princípio, a Burocracia surgiu para:
Surgimento do Modelo Gerencialista
Devido aos resultados insatisfatórios obtidos com a adoção das práticas associadas ao modelo burocrático, as pessoas começaram a cobrar mais agilidade e qualidade dos serviços do Estado e, em meio a um caldeirão de insatisfações e descontentamentos, surgiu a Administração Pública Gerencial. Esse modelo surgiu como a ferramenta necessária para tornar a Administração Pública capaz de realizar serviços com excelência e efetividade.
Contextualização referente ao Tópico 2:
Propósitos da Burocracia
Os propósitos da Burocracia Weberiana funcionavam à luz do modelo Racional-Legal, ou seja, tudo deveria funcionar por meio de normas, leis e regulamentos explícitos, independentemente da vontade pessoal do agente público. Tal racionalismo, baseado na lei em sentido amplo, tinha o propósito fundamental de garantir eficiência administrativa.
Outros aspectos inerentes à racionalidade são:
Propósitos do Gerencialismo
- Tem o propósito principal de promover a descentralização administrativa do Estado;
- Foco na qualidade dos serviços públicos prestados ao cidadão;
- Aumento da flexibilidade e autonomia dos agentes públicos;
- Controle a posteriori ou “ex-post” ou Finalístico ou de Resultados;
- Delegação de autoridade e responsabilidade ao gestor público;
- Corte e redução de gastos, inclusive com pessoal;
- Aumento da efetividade.
Contextualização referente ao Tópico 3:
Princípios e Práticas norteadores da Burocracia
- v A admissão de pessoal segundo rígidos critérios de mérito (concurso público);
- v A existência de um sistema estruturado e universal de remuneração e de carreiras (planos de cargos e carreira – PCC);
- v A avaliação constante de desempenho (dos funcionários e de suas equipes de trabalho);
- v O treinamento sistemático e a capacitação contínua do corpo funcional;
- v A rigorosa profissionalização da administração pública;
- v A impessoalidade das ações e decisões;
- v Caráter formal das comunicações;
- v Competência técnica e meritocracia;
- v Hierarquia das autoridades;
- v Rotinas e procedimentos padronizados.
Princípios e Práticas norteadores do Gerencialismo
- Aprimoramento da accountability (transparência e prestação de contas);
- Percepção do cidadão como contribuinte e como cliente de seus serviços;
- Melhoria da qualidade dos serviços;
- Flexibilização das regras que regem a Burocracia Pública;
- Competição administrada;
- Controle realizado pela sociedade;
- Ênfase no controle “a posteriori” de resultados;
- Ênfase e orientação da ação do Estado para o cidadão-cliente;
- Descentralização administrativa (delegação de competências);
- Descentralização política: transferindo recursos e atribuições para as demais esferas, com o poder de decisão mais próximo ao cidadão.