Saneago – O que você precisa saber sobre a fase de Recurso?

Professor Bruno Marques

A prova objetiva e discursiva para seleção de candidatos para o concurso público da Saneago foi aplicada em 04/03/2018. A publicação do resultado final da objetiva e o resultado preliminar da prova discursiva em breve será divulgada.

O item 10.1.1.i do edital garante ao candidato o direito de recorrer da nota atribuída à Prova Discursiva. Você terá 3 dias úteis para preparar o recurso e interpor na página do site. Por isso, elaborei este artigo para esclarecer a seguinte dúvida:

O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE ELABORAÇÃO DE RECURSO?

O edital é o principal orientador na hora de elaborar o recurso. Todas as regras do que se pode e do que não se pode fazer estão previstas nele. Levantei algumas informações importantes para que seu recurso não seja indeferido antes de ser analisado. Mas antes, é importante entender o espelho de correção da Banca e a importância de se elaborar um recurso.

Para facilitar a leitura, dividi o artigo em 3 partes essenciais:

  • Entendendo o espelho de correção;
  • Importância do recurso;
  • Características essenciais de um recurso;

ENTENDENDO O ESPELHO DE CORREÇÃO

A prova dissertativa (redação) conta com 2 (duas) questões e vale 40 pontos no total, isto é, 20 pontos cada uma.

Segundo o Edital, a correção de cada questão será dividida da seguinte forma:

– Conhecimento técnico do conteúdo. (Valor: 10 pontos)

– Clareza na exposição, consistência dos argumentos e coerência e coesão textuais. (Valor: 6 pontos)

– Uso adequado da Língua Portuguesa. (Valor: 4 pontos)

Em uma análise detalhada, observa-se que metade (50%) da nota se refere ao conhecimento técnico do candidato e a outra metade (50%), ao conhecimento de linguística textual e de gramática.

Logo, a estrutura para elaborar um bom recurso é simples. Você deve desenvolvê-lo dividindo a argumentação do mesmo modo que o Edital apresentou os critérios de correção.

1ª Etapa: Conhecimento técnico do conteúdo. A banca publicou as respostas esperadas preliminares para cada uma das questões. O examinador utilizou como base essas respostas para corrigir a sua redação. Partindo desse pressuposto, a sua tarefa será demonstrar para a Banca, por meio do recurso, que a sua resposta está correta ou merece uma nota maior do que aquela que recebeu. Para isso, é necessário utilizar-se de comprovação teórica. Você pode fazer isso de duas formas:

  1. Citando trechos da Resposta esperada, a fim de demonstrar uma falha na correção;
  2. Cintando trechos de normas ou livros, com o objetivo de questionar a Resposta esperada.

2ª Etapa: Capacidade de expressão na modalidade escrita: A regra aqui é simples. Se o examinador descontou pontos, indicando que a sua argumentação não é coerente, a sua missão será demonstrar o contrário. Para isso, cite trechos da sua redação e demostre a relação de coerência entre eles.

Além disso, se você trouxe alguma referência externa no seu texto, citação de autores, normas, leis, fatos atuais, etc., use-as como forma de demonstrar consistência da argumentação.

Porém, cuidado. Não adianta só jogar as informações no recurso, é preciso organizá-las de forma clara, para que o examinador as entenda em uma primeira leitura.

3ª Etapa: Uso adequado da Língua Portuguesa. Esse é o critério de recurso mais objetivo. Você deve analisar todos os erros de gramática indicados pelo examinador (ortografia, morfossintaxe e pontuação) e verificar se eles de fato ocorreram.

Nesse aspecto, deve-se avaliar os casos em que o uso de pontuação, escrita ou morfossintaxe é obrigatório ou facultativo. É comum que o examinador indique erros em construções linguísticas que são aceitas por alguns gramáticos. Logo, se você perdeu ponto por erro de gramática, mas um gramático diz que aquilo não é um erro, pronto, você deve recorrer. Quando isso ocorre, a chance de se conseguir pontos com o recurso é muito alta.

 

 IMPORTÂNCIA DO RECURSO

De forma objetiva, a nota da prova discursiva é um dos primeiros critérios de desempate. Só perde para candidatos com idade acima de 60 anos e para prova prática. Logo, ter uma nota boa na discursiva te dará uma vantagem em caso de empate.

Muitos candidatos não se atentam a essa fase do recurso. Porém, mal sabem da importância dela.  Essa é a última fase do recurso em que o candidato tem a oportunidade de ganhar nota. E esse ganho de nota costuma alterar significativamente a classificação do concurso. Só para você ter ideia, no concurso do TCU cheguei a ganhar 6 pontos em um recurso e sair de 32º para 20º em um concurso com 22 vagas. Ou seja, entrei nas vagas graças ao recurso.

Não foram poucas as vezes em que vi pessoas serem convocadas graças às posições que ganharam depois do recurso. Deixe-me mostrar-lhe alguns casos de sucesso de recursos que fiz para alguns alunos:

Esse serviço de excelência foi grande aliado para promover um salto relevante na minha classificação final no cargo de AJAJ do TRT da 8ª Região, uma vez que sai da 22ª colocação para a 4ª colocação, um ganho expressivo de 18 posições! Muito obrigada!”

Antonieta Bessa – TRT 8ª Região/2016

“Gostaria de agradecer a vc (Professor Bruno Marques) e a sua equipe pelo sucesso obtido com recurso feito. Minha nota subiu 0,75 pts. Mas uma vez, muito obrigado.”

Marcos Augusto – Recurso- Analista MPOG/Enap/2015

Se alguns candidatos ganham posições na classificação final, naturalmente, outros perdem.

E por que há tanta modificação nas notas após a fase de recurso?

O examinador tem muitas provas para corrigir em um curto prazo de tempo. Para isso, contrata diversos examinadores para fazer esse serviço. Porém, como já era de se esperar, cada examinador tem um conhecimento e um jeito de corrigir as provas, uns são mais rígidos, outros mais flexíveis. Ao final, essa diferença de examinadores acaba impactando nas notas, o que gera algumas anomalias.

No entanto, quando o aluno entra com recurso, há possibilidade de seu texto ser revisto novamente por outro examinador. Se a nota do novo examinador for maior que a correção anterior, a sua nota aumentará.

Além disso, ao entrar com recurso, você só tem a possibilidade de aumentar a nota e nunca de diminuir. Caso houvesse uma diminuição da nota, deveria haver um outro prazo de recurso e isso afetaria o cronograma do concurso inteiro. Por isso, na pior das hipóteses, a Banca indefere o recurso e mantém a nota aplicada.

Sendo assim, vale a pena entrar com recurso?

Se você não perderá pontos, o que custa tentar? O máximo que vai ganhar é um não!

Por isso, a meu ver, sempre vale a pena entrar com recurso, afinal, só terá a nota da prova discursiva majorada quem recorrer, certo?

CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DE UM RECURSO

Vale a pena fazer recurso. Isso é verdade! Mas não adianta fazer de qualquer jeito. Há algumas regras e dicas que você deve seguir para não ter seu recurso indeferido antes de chegar nas mãos do examinador.

Então, vamos analisar algumas características essenciais de um recurso, levando em conta o Edital da Saneago:

1º) O recurso deve ser tempestivo:

A Banca é bem rigorosa com o prazo para interposição do recurso. O edital prevê o prazo de 3 dias úteis após a divulgação do resultado preliminar da prova discursiva.

Você terá até as 23h59 do último dia para inserir o recurso na plataforma do site.

2º) O recurso, em regra, não deve contestar os critérios avaliativos;

A banca definiu critérios avaliativos para servirem de base para à correção de todas as provas dissertativas. A definição desses critérios garante a isonomia e a objetividade da correção.

Ora, se um candidato entra com um recurso questionando alguns dos critérios avaliativos terá muito mais dificuldade para conseguir êxito no recurso. Explico o motivo:

Para a Banca acatar esse tipo de recurso, teria que reavaliar todas as redações com base no novo critério. Logicamente, isso afetaria todo o cronograma do concurso. Com certeza isso não deve ocorrer, certo?

Por isso, não adianta, por exemplo, encher o seu recurso de referência bibliográfica para justificar que a Banca direcionou pouca nota para o aspecto de conteúdo e muito, para os aspectos de gramática. Esse tipo de recurso tem 99% de chance de ser indeferido.

3º) O recurso deve ser claro e objetivo;

Esse é o grande desafio do recurso. O candidato deve ir direto ao ponto e explicar para o examinador porque sua nota deve ser majorada, sem fazer muitos rodeios.

Os argumentos, no entanto, devem ser fortes. Por isso, utilizar de linguagem simples e técnicas de enumerações e tópicos ajudam muito.

Antes de enviar o seu recurso, pergunte a você mesmo: Se eu tivesse 100 recursos para ler, eu leria o meu? Se achar que o seu recurso está cansativo, melhore o texto. Coloque-se sempre no lugar do examinador.

4º) Atenção à linguagem utilizada.

A linguagem é muito importante. Trata-se de um texto de natureza individual. Logo, o recurso pode ser escrito de forma impessoal ou na 1ª pessoa no singular (Eu). Porém, cuidado! Escrever o recurso na 1ª pessoa no plural (Nós), não cai bem, ok?

5º) Devo contratar um especialista para fazer o meu recurso?

Como se trata de uma fase importante, é comum que os candidatos procurem professores que possuem experiência em recursos. E isso é uma ótima opção, caso tenha recursos financeiros disponíveis.

Primeiro, porque o professor tem acesso a várias provas do seu concurso, logo, poderá fazer uma análise mais profunda e entender como a Banca está corrigindo as provas.

Segundo, pois tem prática nesse tipo de serviço e sabe como e quais os pontos que devem ser contestados.

Por fim, na elaboração de recursos acerca dos aspectos gramaticais, é necessário um conhecimento mais aprofundado da língua portuguesa.

Porém, cuidado na hora de contratar um especialista.

O recurso contra o resultado da prova discursiva deve ser sempre individualizado. Segundo a Banca, o edital deve ser individual. Se seu recurso for muito genérico e igual a de outro candidato, a Banca, possivelmente, vai indeferi-lo antes de encaminhar para o examinador.

Já vi casos em que um professor redigiu o mesmo recurso (genérico) para diversos alunos e entregou faltando apenas 1 hora antes de encerrar o prazo para interposição do recurso. Resultado, os alunos não tinham mais tempo para refazer o próprio recurso, tiveram o recurso indeferido, perderam dinheiro e, ainda, não tiveram a chance de melhorar a classificação no concurso!

Portanto, fique sempre atento ao histórico do professor, caso venha a contratar um serviço de recurso, afinal, você terá que levar o recurso pronto pessoalmente ou nos correios, impresso. E precisará de tempo para fazer isso.

Bom pessoal, espero que tenha facilitado a vida de vocês! Eu e a equipe do Você Concursado estaremos à disposição para lhe ajudar nesta fase!

Caso tenha alguma dúvida não esclarecida, pode deixar um comentário que terei o maior prazer em esclarecer!

Professor: Bruno Marques

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