Dicas de Recurso para as Provas Discursivas: Brigada Militar do RS (Fundação LA SALLE)!

Professor Bruno Marques

A divulgação do resultado preliminar das provas discursivas do concurso da Brigada Militar (Bombeiro Militar e Polícia Ostensiva) do Estado do Rio Grande do Sul (RS), banca Fundação La Salle, está próxima. A previsão é que ocorra no dia 15 de maio de 2019.

A remuneração de capitão é excelente: R$11.620,55!! Então, é preciso ficar ligado em todas as fases para não perder sua vaga!

Uma das fases é o recurso contra o resultado preliminar da prova discursiva. É nessa fase que alguns candidatos podem:

  • Melhorar a nota da sua prova discursiva;
  • Ganhar algumas colocações; e/ou
  • Deixar de perder algumas posições.

Porém, para que você esteja entre o rol de candidatos que podem ganhar pontos, é preciso entrar com recurso. Considerando isso, montei esse artigo com o seguinte tema:

Dicas de Recurso para as Provas Discursivas da Banca Fundação LA SALLE!

Diferente do recurso da prova objetiva, no recurso contra o resultado da prova discursiva, a majoração não é atribuída a todos os candidatos, mas tão somente àquele que recorreu do resultado. Por isso, trata-se de um recurso INDIVIDUALÍSSIMO.

É muito importante que você fique atento às informações deste artigo!!! Afinal, você só será beneficiado se entrar com o seu próprio recurso!

Por ser um recurso individualíssimo, não adianta interpor um recurso genérico. Se o seu recurso ficar igual ao de outro candidato, a banca (Fundação La Salle) não vai ler nenhum dos dois. Por isso, já seguem 3 alertas:

  • Não copie o recurso de outro candidato;
  • Não forneça o seu recurso para ninguém;
  • Seja bem específico na sua argumentação!

Para facilitar, dividi o artigo em 4 partes essenciais:

  • IMPORTÂNCIA DO RECURSO;
  • POSSIBILIDADE OU NÃO DE REDUZIREM A NOTA?
  • ENTENDENDO O ESPELHO DE CORREÇÃO;
  • CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DE UM RECURSO.

Se você não sabe como ser específico na argumentação, continue lendo esse artigo. Vou te dar dicas de como fazer isso mais à frente!

IMPORTÂNCIA DO RECURSO

Muitos candidatos não se atentam a essa fase do recurso, pois mal sabem da importância dela.  Essa é a uma das poucas fases em que o candidato tem a oportunidade de ganhar nota. E esse ganho de nota costuma alterar significativamente a classificação de alguns candidatos.

E isso acontece muito! Não foram poucas as vezes em que vi pessoas serem convocadas graças às posições que ganharam depois do deferimento de seus recursos.

Deixe-me mostrar casos de sucesso de recursos que fiz para alguns alunos:

“Gostaria de agradecer ao professor Bruno Marques pelo recurso elaborado. Ganhei 2,5 pontos, quando quase ninguém conseguiu. Fui o segundo que mais ganhou ponto. Com isso, consegui subi 3 posições e agora tenho chances de ser convocado. Sei que isso tudo se deu graças à competência e qualidade do serviço executado. Obrigado! ”

João Lucas Carneiro –TCE/PR/2017

“Professorrrrr a minha nota subiu em 5.58 pontos. Muito obrigada. Mantive o 3º lugar para a minha região!!!!! Obrigadaaaaaa”.

Paola Diógenes –TRF 1ª Região/ 2018

“Esse serviço de excelência foi grande aliado para promover um salto relevante na minha classificação final no cargo de AJAJ do TRT da 8ª Região, uma vez que sai da 22ª colocação para a 4ª colocação, um ganho expressivo de 18 posições! Muito obrigada!”

Antonieta Bessa – TRT 8ª Região/2016

 Bruno, saiu o resultado do recurso. Conseguimos 3,07 pontos…. Agradeço pela colaboração nesse momento de grande importância na minha carreira. Muito obrigado!

Deiber Vieira – TRF 1ª Região /2018

Professor, essa majoração de nota também acontece em provas da Fundação La Salle?

Essa é uma pergunta muito pertinente. A Fundação La Salle não possui muita tradição em provas discursivas. Por isso, não é possível levantar um histórico de aceitação, ou não, de recursos contra o resultado das provas discursivas.

Então, parto da premissa de que cada examinador tem uma visão de prova: uns são mais rígidos, outros mais flexíveis. Ao final, essa diferença de perfil entre os examinadores acaba impactando nas notas, gerando variação no total de pontos concedidos. Então, há sim uma margem de erro relacionada à correção das provas discursivas e é por esse motivo que existe a fase de recurso.

HÁ POSSIBILIDADE DE REDUZIREM A NOTA?

Essa é uma das principais dúvidas dos candidatos. Quando se está em uma boa colocação no concurso, sempre bate aquele medo de entrar com o recurso, ter a nota diminuída e perder posições, certo?

Pois bem, acompanho concursos há mais de 10 anos. Durante toda a minha jornada, NUNCA vi uma nota ser diminuída por conta do recurso da prova discursiva. Já conversei com diversos professores e eles também nunca presenciaram um caso de diminuição de nota.

A razão encontra-se no próprio Direito. O concurso público é um ato administrativo que possui várias fases. Em algumas fases, como é o caso do resultado da prova discursiva, a Banca é obrigada a conceder o direito de contraditório, por isso existe a fase de recurso. Sendo assim, o recurso da prova discursiva possui natureza jurídica de recurso administrativo.

O recurso administrativo difere-se do recurso judicial, pois pode questionar não apenas a legalidade, mas também o mérito do objeto do ato administrativo. O papel da Administração, representada pela Banca Examinadora, é o de modificar ou confirmar seu próprio ato, convencendo-se ou não da ilegalidade ou da inconveniência apontada no recurso. Qualquer mudança de nota implicaria na necessidade de motivação expressa da Banca, pois todo ato administrativo deve ser motivado.

Desta forma, caso houvesse uma diminuição de nota, a banca deveria abrir um novo prazo para recurso. Logicamente, as Bancas não fazem isso, pois teriam que alterar todo o cronograma do concurso, gerando custos desnecessários à instituição.

Portanto, percebe-se que, ao entrar com recurso, é ínfima a possibilidade de sua nota ser diminuída. Por isso, a meu ver, sempre vale a pena entrar com recurso. Afinal, só terá a nota da prova discursiva majorada quem recorrer, certo? Já que você não perderá pontos, o que custa tentar? O máximo que vai ganhar é um “não”!

 ENTENDENDO O ESPELHO DE CORREÇÃO

 Os dois editais do concurso da Brigada Militar (Bombeiro Militar e Polícia Ostensiva) trazem regras iguais para a fase de recurso da discursiva. Ao todo são 10 questões de 20 linhas que cobraram os seguintes assuntos:

  • 02 (duas) de Direito Constitucional;
  • 02 (duas) de Direito Administrativo;
  • 02 (duas) de Direito Penal e/ou Processual Penal;
  • 02 (duas) de Direito Penal Militar e/ou Processual Penal
  • Militar, e
  • 02 (duas) de Legislação Aplicada a Função.

Cada questão vale 10 pontos e, para ir para a próxima fase do concurso, é preciso tirar, no mínimo, 50 pontos.

O ponto positivo é que não há uma nota mínima por prova. Por exemplo, se o candidato zerar 5 provas e gabaritar as outras 5, somará 50 pontos e estará aprovado.

Quanto aos critérios avaliativos, todas as questões serão avaliadas sob duas perspectivas: Domínio da Língua Portuguesa e Conhecimento Técnico sobre o tema. A pontuação será dividida da seguinte forma:

Observe que a maior parte da nota está relacionada com o aspecto de conteúdo (80%). Porém, os 20% equivalem a 20 pontos na nota total, logo, não podem ser menosprezados.

Como são aspectos distintos, a forma de recorrer também deve ser diferente.

Conhecimento Técnico

Conforme os Editais, serão analisados 3 (três) aspectos: 1) conhecimento e domínio do conteúdo; 2) argumentação; e 3) relação teórico/prática.

Para recorrer do critério “Conhecimento Técnico”, você deve comparar sua resposta a uma resposta ideal.

Normalmente, as bancas divulgam um Padrão de Resposta ou uma Grade de Correção com a resposta esperada para cada questão. Caso a Fundação La Salle divulgue esse documento, ele deve ser o principal material de base para o seu recurso. Porém, caso não seja divulgado nenhum Padrão, deve-se utilizar, de preferência, a bibliografia citada pela Banca nos Editais de Abertura dos concursos da Brigada Militar.

A estrutura é simples. Em suma, você precisa montar um comparativo entre a resposta esperada (correta) e a sua redação. Ao final, demonstre que sua resposta estava correta (ou parcialmente correta) e solicite a majoração para a pontuação adequada.

Domínio da Língua Portuguesa

Muita gente não recorre desse tipo de erro, mas não são poucas as vezes que candidatos ganham pontos justamente nesse critério. Isso ocorre, pois existem vários casos em que as regras de gramática são facultativas, isto é, podem ser utilizadas ou não dentro de um determinado contexto.

Então, às vezes, o examinador aponta um erro de gramática (Ex.: crase), mas aquela regra, naquele contexto, é facultativa (Ex.:crase antes de “até” ou “sua”).

Então, não tem muito segredo. Quando isso ocorrer, basta elaborar um recurso, demonstrando que a sua construção gramatical está adequada a norma gramatical.

Ressalto que não basta elaborar um recurso simples: “solicito a revisão dos erros gramaticais, pois não foram encontrados erros que justifiquem as penalidades”. É necessário discorrer sobre o erro, explicar que a construção é correta e, então, pedir a majoração da nota.

CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DE UM RECURSO

 1º) Como fazer um recurso individualizado

O recurso individualizado é aquele único, sem qualquer similaridade com outros recursos. Para isso, é necessário fazer referências diretas ao seu texto. Essas referências podem ser citação de trechos do texto ou indicações de linhas.

Para ficar mais fácil de entender, vou mostrar um exemplo do que você NÃO deve fazer:

Halliday e Hasan (1976) dizem que a coesão tem a ver com o modo como o texto está estruturado semanticamente. É, portanto, um conceito semântico que se refere às relações de significado que existem dentro do texto e fazem dele um texto e não uma sequência aleatória de frase. A coesão é a relação semântica entre dois elementos do texto, de modo que um deles tem de ser interpretado por referência ao outro, pressupondo-o.

Widdowson (1978) diz que a coesão “é o modo pelo qual as frases ou partes delas se combinam para assegurar um desenvolvimento proposicional…” O texto em análise é coeso e se constrói com elementos de ligação são pronomes, verbos, advérbios, conectores coesivos (termos e expressões); e sem sequenciadores, sendo o lugar do conector marcado por sinais de pontuação (vírgula, ponto, dois-pontos, ponto-e-vírgula).

Segundo Koch e Travaglia (1989:13), a coesão é explicitamente apresentada através de elementos linguísticos, indicações na estrutura superficial do texto, sendo de caráter claro e direto, expressando-se na organização sucessiva do texto. Halliday e Hasan (1976 apud Koch & Travaglia, 1989:13)

A explicitação deste ponto citado acima encontra-se em todo o texto.

Muitos candidatos vão achar que esse recurso está excelente, pois conta com bastante embasamento teórico. Todavia, este é um grande equívoco. Recursos assim não comprovam nada para o examinador.

Em primeiro lugar, parece mais uma aula de coesão e o examinador não precisa que você ensine a ele o que é “coesão textual”. Em segundo lugar, porque se trata de um recurso genérico e cansativo. Além de não fazer referência em nenhum momento ao texto do candidato, é muito chato de ler. O examinador vai dormir antes mesmo de chegar no terceiro parágrafo.

Em alguns casos, recursos assim são indeferidos preliminarmente, sem sequer passar pelas mãos do examinador.

 2º) O recurso deve ser tempestivo

As bancas examinadoras são bem rigorosas com o prazo de interposição do recurso. Após a divulgação do resultado com a nota da prova discursiva, o candidato possui 3 dias úteis para elaborar o recurso.

Como o prazo é curto, não dá para deixar para última hora, pois qualquer imprevisto pode minguar com as suas chances de recorrer e melhorar a pontuação na prova. Então, fique atendo às regras dos Editais.

3º) No recurso não deve constar nenhuma forma de identificação do aluno

Ao elaborar o recurso, muitos candidatos tem a mania de inserir seus nomes: “ Eu, Fulano de tal, gostaria de recorrer do resultado…”.

Se você fizer isso, terá seu recurso indeferido antes de chegar na mão do examinador. Então, nada de se identificar, ok?

Todavia, não há problema em citar a nota que tirou em determinado critério. Afinal, o objetivo do recurso é contestar a nota atribuída.

4º) O recurso deve ser claro e objetivo

Esse é o grande desafio do recurso. O candidato deve ir direto ao ponto e explicar para o examinador porque sua nota deve ser majorada, sem fazer muitos rodeios.

Os argumentos, no entanto, devem ser claros. Por isso, utilizar uma linguagem simples, técnicas de enumerações e divisão em tópicos ajudam muito.

Antes de enviar seu recurso, pergunte a você mesmo: Se eu tivesse 100 recursos para ler, leria o meu? Se achar que o seu recurso está cansativo, melhore o texto. Coloque-se sempre no lugar do examinador.

5º) Atenção à linguagem utilizada

A linguagem é muito importante. Trata-se de um texto de natureza individual. Logo, o recurso pode ser escrito de forma impessoal ou na 1ª pessoa no singular (Eu).

Por isso, cuidado! Escrever o recurso na 1ª pessoa no plural (Nós), não cai bem, ok?

6º) Devo contratar um especialista para fazer o meu recurso?

Como se trata de uma fase importante, é comum que os candidatos procurem professores que possuam experiência na elaboração de recursos. E isso é uma ótima opção, caso tenha recursos financeiros disponíveis ou possua grandes chances de ser convocado no concurso.

Em primeiro lugar, porque o professor tem acesso a várias provas do seu concurso, logo, poderá fazer uma análise mais profunda e entender como a banca Fundação La Salle está corrigindo as provas.

Em segundo lugar, porque o especialista tem prática nesse tipo de serviço e sabe como e quais os pontos que devem ser contestados. Inclusive, possuem modelos de recursos que já deram certo e isso pode fazer toda a diferença.

Por fim, na elaboração de recursos acerca dos aspectos gramaticais, é necessário um conhecimento mais aprofundado da língua portuguesa.

Porém, cuidado na hora de contratar um especialista!

O recurso contra o resultado da prova discursiva deve ser sempre individualizado. Recursos iguais ou semelhantes serão preliminarmente indeferidos. Isto é, se seu recurso for muito genérico ou igual ao de outro candidato, a Banca nem vai ler. Possivelmente, vai indeferi-lo antes de encaminhá-lo ao examinador.

Já vi casos em que um professor redigiu o mesmo recurso (genérico) para diversos alunos e entregou-os faltando apenas 1 hora para o encerramento do prazo de interposição do recurso. Resultado: não havia mais tempo para os alunos refazerem seus próprios recursos, tiveram os recursos indeferidos, gastaram dinheiro e ainda perderam a chance de melhorarem suas classificações no concurso!

Portanto, fique sempre atento ao histórico do professor caso venha a contratar um serviço de recurso, ok?

Bom, espero ter facilitado a sua vida! A equipe do Você Concursado e eu estaremos à disposição para lhe ajudar nesta fase!

Caso tenha alguma dúvida, pode deixar um comentário que terei o maior prazer em responder!

Desejamos boa sorte nesse concurso da Brigada Militar!

Professor: Bruno Marques

 

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ANDRESSA
ANDRESSA
4 anos atrás

Professor, uma questão dissertativa da prova questionou “Conforme o Código Penal, elenque as quatro qualificadoras do crime de furto”. O Sr. prevê a possibilidade de anulação em razão da forma como foi elaborada a pergunta, considerando que não são apenas quatro qualificadoras, e sim oito?

pedropuhl
pedropuhl
Inscrito
4 anos atrás

Professor, o senhor realiza recursos? Se positivo, tenho interesse no seu trabalho.

Jarles Wilson Vieira Barcellos
Jarles Wilson Vieira Barcellos
4 anos atrás

Prof. Enviei mensagem no instagram para ver sobre elaboração dos recursos. Atenciosamente.