Bins-Ely e a equipe do grupo PET Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC (2006, p. 2) consideram que “o espaço público livre possui grande importância no contexto das cidades. Sua função, além de proporcionar lazer, é garantir a plena inclusão de usuários com diferentes habilidades e restrições, e, portanto, sua socialização”. No entanto, “a existência de barreiras físicas, informativas e atitudinais, muitas vezes restringe o uso desses espaços, ocasionando situações de constrangimento às pessoas com restrições e dificultando, ou até mesmo impedindo, a participação das mesmas em diversas atividades”, resultando na “perda do conceito de integração e convívio”.
Em 2010, conforme dados do Censo IBGE, 23,9% da população brasileira possuía algum tipo de deficiência: visual, auditiva, motora e mental ou intelectual. “A deficiência visual apresentou a maior ocorrência, afetando 18,6% da população brasileira. Em segundo lugar está a deficiência motora, ocorrendo em 7% da população, seguida da deficiência auditiva, em 5,1%, e da deficiência mental ou intelectual, em 1,4%”.
(Oliveira/SDH-PR/SNPD, 2012, p. 6.)
“Numa crítica à seleção e plantio indiscriminados de vegetação nos espaços públicos livres, Luciene Gomes, cadeirante, arquiteta e urbanista, e docente da área de Acessibilidade e Desenho Universal no SENAC São Carlos-SP, relata que ‘muitas espécies são plantadas em calçadas, jardins, floreiras e canteiros pelo cidadão comum que quer deixar o lugar mais bonito, mas nem sempre é orientado na escolha da planta adequada ao espaço disponível’.”
(Gomes, 2014, p. 124.)
“Neste contexto, destaca-se o papel do arquiteto na ‘elaboração de espaços acessíveis a todos os usuários, independente do tipo físico, idade ou restrições que possam apresentar’. À ‘elaboração do projeto de um espaço público livre acessível’ é ‘essencial à compreensão das restrições e limitações apresentadas por diferentes usuários e a busca por respectivas soluções projetuais”.
(Bins-Ely et. al., 2006, p. 2.)
“A atualização mais recente (terceira edição) da NBR 9050 define critérios para a utilização da vegetação na ‘ornamentação da paisagem e ambientação urbana’ nas ‘rotas acessíveis e áreas de circulação de pedestres’.”
(ABNT, 11/09/2015, p. 116.)
“Considere que o Poder Público Municipal de uma cidade de porte médio tenha realizado todas as adaptações referentes à instalação de piso táctil, rampas, acessos e sinalizações necessárias às pessoas portadoras de deficiências e mobilidade reduzida nas rotas acessíveis e áreas de circulação de pedestres dos espaços livres públicos, estabelecidas pela NBR 9050. Resta, no entanto, especificar a vegetação e seus critérios técnicos de implantação nestes espaços. Na especificação e implantação da vegetação, a equipe técnica responsável pelo trabalho deverá obedecer aos critérios estabelecidos pela NBR 9050 a respeito da ‘ornamentação da paisagem e ambientação urbana’ nas ‘rotas acessíveis e áreas de circulação de pedestres’.”
Tendo em vista a situação hipotética apresentada, elabore um texto especificando os tipos e espécies de vegetação que poderiam ser adotados pela referida equipe técnica e justifique sua escolha relacionando-a aos critérios estabelecidos pela NBR 9050 para a “ornamentação da paisagem e ambientação urbana” nas “rotas acessíveis e áreas de circulação de pedestres”. O texto deve incluir a descrição destes critérios, sempre relacionada à vegetação escolhida e suas técnicas de implantação, incluindo a identificação das características que a vegetação não pode apresentar nas áreas adjacentes às rotas acessíveis e áreas de circulação de pedestres, bem como as características que deverão ter as grelhas de proteção (dimensão máxima e espaçamento entre os vãos, formato e nivelamento) que inevitavelmente necessitem ser instaladas dentro da faixa de fluxo principal; nos casos em que houver fluxos em mais de um sentido de circulação; e, nos casos em que as áreas drenantes de árvores necessitarem inevitavelmente invadir as faixas livres do passeio. Contemple, em sua especificação, pelo menos dois tipos diferentes de vegetação.