Maria, 35 anos, divorciada, sempre foi considerada uma excelente funcionária por cumprir suas tarefas no prazo, com rapidez e eficiência. Sempre foi gentil, manteve amizade e colaboração com os colegas de trabalho. Há, aproximadamente, quatro meses, seu chefe imediato, Sr. Geraldo, começou a observar que Maria passou a cometer pequenos erros em suas tarefas, apresentava-se mais distanciada de todos e faltava ao trabalho. Nas suas ausências, suas tarefas profissionais eram atribuídas para os demais membros da equipe, que passaram a se queixar, tratando Maria com indiferença, isolando-a do grupo, acusando-a pelo excesso de trabalho. Ao ser chamada pelo Sr. Geraldo, para justificar uma tarefa que não cumprira o prazo, mostrou-se bastante irritada, descontrolou-se e respondeu agressivamente, referindo já ter feito o que lhe fora pedido. Depois, envergonhada, desculpou-se pelo comportamento. Diante desta situação, Sr. Geraldo orientou Maria a buscar um acompanhamento psicológico. Uma amiga a encaminhou para uma psicóloga cognitiva que havia atendido um conhecido com sintomas semelhantes ao dela. Nas entrevistas iniciais de avaliação diagnóstica, Maria relatou ter tido uma infância difícil, de grande vulnerabilidade social. Explicou que, há quatro meses, passou a ter pesadelos, sem recordar do conteúdo; às vezes, sentia-se sufocada durante o dia, transpirava muito e tinha palpitações, sem motivo aparente. Foi ao médico e não foi constatado nenhum problema orgânico que justificasse seu mal-estar. Também descreveu situações onde se sentia uma pessoa ruim, que não deve confiar em ninguém; muitas vezes, sentia medo, raiva e vergonha, contudo, restringia-se a descrever estes sentimentos sem associá-los a nenhum fato ou lembrança. Depois de muita resistência, Maria relatou à profissional não ter dito a ninguém que, recentemente, encontrou a filha de 16 anos em casa, chorando muito, referindo ter sido vítima de um assalto por dois homens, que apontaram uma arma para ela e a violentaram, ameaçando, a cada momento, que a matariam se contasse o ocorrido para alguém. Após isso, Maria passou a se sentir culpada por não ter protegido a filha, além de raiva, descrença nas pessoas e em Deus. Revive, diariamente, a cena que sua filha contou o assalto e o estupro, seus pesadelos são referentes a isso e seu mal-estar físico se relacionam à lembrança do ocorrido, mesmo esforçando-se muito para esquecer. Além disso, descreveu não conseguir concentrar-se, ter insônia, sentir-se sempre alerta, e ter perdido a alegria de viver, lutando diariamente para não pensar ou imaginar a cena de estupro da filha. Revelou ainda que, muitas vezes, sente-se como se estivesse fora de seu corpo, como se fosse uma observadora de si mesma, como se estivesse em um sonho.
Diante dessa situação, responda, fundamentadamente:
a. Qual hipótese diagnóstica, fundamentada no DSM − 5, a psicóloga pode construir a partir destas primeiras entrevistas com Maria? Justifique a resposta a partir dos critérios diagnóstico do DSM − 5.
b. Tendo sido solicitado, pelo Médico do Trabalho, o parecer psicológico da funcionária, nomeie e descreva os itens que compõem a estrutura do parecer e como ele deve ser apresentado, de acordo com o previsto no Código de Ética Profissional (2005) e na Resolução CFP nº 007/2003.
c. Descreva três características básicas da psicoterapia cognitivista.