Atualmente, um tema muito discutido é a submissão de recém-formados a exames de proficiência aplicados por conselhos profissionais e, especialmente, o boicote que muitos desses graduados estão propondo aos referidos exames.
A esse respeito, leia a coletânea de textos a seguir.
Texto 1
Criado em 2005, o exame do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) foi optativo até o ano de 2010. Em 2011, apenas 418 estudantes (contra 998 de 2005) se inscreveram. A taxa de reprovação foi de 46% – índice médio dos últimos sete anos. Em novembro de 2012, foi aplicada a primeira prova obrigatória para os alunos do sexto ano. O teste não exige nota mínima para aprovação. O aluno só precisa comparecer e responder todas as questões. Entretanto, lideranças estudantis de três Universidades (Unicamp, Unesp e Faculdade de Medicina de Marília) recomendaram que os alunos boicotassem o exame. A despeito da polêmica, o exame tem recebido apoio de médicos renomados, como o cardiologista Adib Jatene e o oncologista Drauzio Varella, que também defendem avaliações externas periódicas. Segundo o Cremesp, o “ato de rebeldia” ficará arquivado no Conselho, na pasta do futuro médico.
COLLUCCI, Cláudia. Aluno que boicotar exame terá “ficha suja”, diz Conselho
de Medicina de SP. São Paulo, Folha de São Paulo, 9 nov. 2012. C1. (Adaptado).
Texto 2
Os últimos dias não foram de felicidade para os brasileiros. Entre outros motivos, descobriram que 54,5% dos médicos recém-formados da nação são inaptos para a profissão. Sem tergiversar, julgo que profissionais inaptos devem ser impedidos de exercer a profissão. Contudo, não posso deixar de expressar certa angústia quando dirijo um olhar a esse grupo. Confesso que nunca me deparei com um médico recém-formado que não acalentasse o sonho de se tornar um profissional respeitado. Referindo-me a uma realidade que Riobaldo, o jagunço-filósofo de Guimarães Rosa, soube muito bem descortinar – “Um sentir é o do sentente, mas o outro é do sentidor.” –, reconheço que as inquietações expressas sobre as aptidões dos recém-formados são justificadas por quem sente de fora. Mas como um dos que sentem de dentro, não posso deixar de dizer que, ao invés de algozes, a imensa maioria dos novos médicos da nação são vítimas de um enredo perverso que mistura uma sociedade permissiva, escolas médicas deficientes e governantes incapazes, que transformam esperanças incontidas em sonhos frustrados. (Miguel Srougi, 66, é pós-graduado em urologia pela Universidade de Harvard (EUA) e professor titular de urologia da Faculdade de Medicina da USP).
SROUGI, Miguel. Médicos inaptos: algozes ou vítimas? Disponível em:
<http://www.tribunadaimprensa.com.br/?p=56998>. Acesso em: 14 mar. 2013. (Adaptado).
Texto 3
Tiro meu chapéu para os estudantes de Medicina da Unicamp, os quais decidiram em assembleia boicotar o exame do Conselho Regional de Medicina (Cremesp). O objetivo maior desse conselho é extorquir os formandos, tornando obrigatória a realização de prova para avaliar os alunos do 6º ano do curso de medicina. Está cristalizado no art. 5º, inciso XIII, da Constituição que: “É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.” No art. 43 da LDB (Lei n.º 9.394/96), pode-se constatar que a educação superior tem por finalidade “formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para inserção em setores profissionais”. Também na LDB, o art. 48 diz que os diplomas de cursos superiores reconhecidos, quando registrados, terão validade nacional como prova da formação recebida por seu titular. Não é da alçada de nenhum órgão de fiscalização da profissão avaliar ninguém.
VASCONCELOS, Vasco. Opinião: diga não ao exame do Cremesp e da OAB. Disponível em:
<http://oab-df.jusbrasil.com.br/notícias/100123368>. Acesso em: 09 mar. 2013. (Adaptado).
Texto 4
Está consolidada uma nova realidade para os cerca de um milhão de profissionais da contabilidade que atuam em todo o Brasil. Entre os grandes motivos de comemoração para esta importante categoria está que 2013 (escolhido como o Ano da Contabilidade no Brasil) será o terceiro ano de aplicação do Exame de Suficiência do Conselho Federal de Contabilidade, o CFC, prova obrigatória para o registro do profissional contábil. Caso o recém-formado não seja aprovado, ele não pode tirar sua carteira do Conselho Regional de Contabilidade e, consequentemente, não tem permissão para exercer a função. E não tem sido diferente em relação ao essencial e milenar ofício do contador, uma das cinco profissões mais demandadas no mercado de trabalho. Estamos construindo há pouco mais de meio século uma bela estrutura para fortalecer a profissão e seus profissionais. E, agora, com o Exame de Suficiência do CFC, damos um novo salto em direção à qualificação da área da contabilidade. O Exame passa a demandar uma melhor preparação daqueles que pretendem iniciar suas carreiras na área contábil. Não basta mais aos futuros contadores e técnicos concluir a formação específica para atuar profissionalmente. É preciso comprovar em exame os conhecimentos que serão exigidos na prática diária.
POCETTI, Eduardo. O Brasil precisa de bons contadores. Disponível em:
<http://www.jb.com.br>. Acesso em: 11 mar. 2013. (Adaptado).
Com base na leitura da coletânea, redija um texto dissertativo argumentativo discutindo a seguinte questão-tema:
Boicote aos exames de proficiência aplicados por Conselhos Profissionais:
questão de consciência política ou de insegurança quanto à própria formação?