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Q92230 | Atualidades e Conhecimentos Gerais
Banca: DIRENSVer cursos
Ano: 2017
Órgao: AFA - Academia da Força Aérea

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TEXTO I
 
MAIS QUE ORWELL, HUXLEY PREVIU NOSSO TEMPO
 
Hélio Gurovitz
 
Publicado em 1948, o livro 1984, de George Orwell, saltou para o topo da lista dos mais vendidos (…) A distopia de Orwel, mesmo situada no futuro, tinha um endereço certo em seu tempo: o stalinismo. (…) O mundo da “pós-verdade”, dos “fatos alternativos” e da anestesia intelectual nas redes sociais mais parece outra distopia, publicada em 1932: Admirável mundo novo, de Aldous Huxley.
 
Não se trata de uma tese nova. Ela foi levantada pela primeira vez em 1985, num livreto do teórico da comunicação americano Neil Postman: Amusing ourselves to death (Nos divertindo até morrer), relembrado por seu filho Andrew em artigo recente no The Guardian. “Na visão de Huxley, não é necessário nenhum Grande Irmão para despojar a população de autonomia, maturidade ou história”, escreveu Postman. “Ela acabaria amando sua opressão, adorando as tecnologias que destroem sua capacidade de pensar. Orwell temia aqueles que proibiriam os livros. Huxley temia que não haveria motivo para proibir um livro, pois não haveria ninguém que quisesse lê-los. Orwell temia aqueles que nos privariam de informação. Huxley, aqueles que nos dariam tanta que seríamos reduzidos à passividade e ao egoísmo. Orwell temia que a verdade fosse escondida de nós. Huxley, que fosse afogada num mar de irrelevância.”
 
No futuro pintado por Huxley, (…) não há mães, pais ou casamentos. O sexo é livre. A diversão está disponível na forma de jogos esportivos, cinema multissensorial e de uma droga que garante o bem-estar sem efeito colateral: o soma. Restaram na Terra dez áreas civilizadas e uns poucos territórios selvagens, onde grupos nativos ainda preservam costumes e tradições primitivos, como família ou religião. “O mundo agora é estável”, diz um líder civilizado. “As pessoas são felizes, têm o que desejam e nunca desejam o que não podem ter. Sentem-se bem, estão em segurança; nunca adoecem; não têm medo da morte; vivem na ditosa ignorância da paixão e da velhice; não se acham sobrecarregadas de pais e mães; não têm esposas, nem filhos, nem amantes por quem possam sofrer emoções violentas; são condicionadas de tal modo que praticamente não podem deixar de se portar como devem. E se, por acaso, alguma coisa andar mal, há o soma.”
 
Para chegar à estabilidade absoluta, foi necessário abrir mão da arte e da ciência. “A felicidade universal mantém as engrenagens em funcionamento regular; a verdade e a beleza são incapazes de fazê-lo”, diz o líder. “Cada vez que as massas tomavam o poder público, era a felicidade, mais que a verdade e a beleza, o que importava.” A verdade é considerada uma ameaça; a ciência e a arte, perigos públicos. Mas não é necessário esforço totalitário para controlá-las. Todos aceitam de bom grado, fazem “qualquer sacrifício em troca de uma vida sossegada” e de sua dose diária de soma. “Não foi muito bom para a verdade, sem dúvida. Mas foi excelente para a felicidade.”
 
No universo de Orwell, a população é controlada pela dor. No de Huxley, pelo prazer. “Orwell temia que nossa ruína seria causada pelo que odiamos. Huxley, pelo que amamos”, escreve Postman. Só precisa haver censura, diz ele, se os tiranos acreditam que o público sabe a diferença entre discurso sério e entretenimento. (…) O alvo de Postman, em seu tempo, era a televisão, que ele julgava ter imposto uma cultura fragmentada e superficial, incapaz de manter com a verdade a relação reflexiva e racional da palavra impressa. O computador só engatinhava, e Postman mal poderia prever como celulares, tablets e redes sociais se tornariam — bem mais que a TV — o soma contemporâneo. Mas suas palavras foram prescientes: “O que afligia a população em Admirável mundo novo não é que estivessem rindo em vez de pensar, mas que não sabiam do que estavam rindo, nem tinham parado de pensar”.
 
(Adaptado, Revista Época nº 973 – 13 de fevereiro de 2017, p.67)
 
Distopia = Pensamento, filosofia ou processo discursivo caracterizado pelo totalitarismo, autoritarismo e opressivo controle da sociedade, representando a antítese de utopia. (BECHARA, E. Dicionário da língua portuguesa. 1ª ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2011, p.533)
 
 
TEXTO II
 
REDES SOCIAIS E COLABORAÇÃO EXTREMA: O FIM DO SENSO CRÍTICO?
 
Eugênio Mira
 
Conectados. Essa palavra nunca fez tanto sentido quanto agora. Quando se discutia no passado sobre como os homens agiriam com o advento da aldeia global (…) não se imaginava o quanto esse processo seria rápido e devastador.
 
(…) quando McLuhan apresentou o termo, em 1968, ele sequer imaginaria que não seria a televisão a grande responsável pela interligação mundial absoluta, e sim a internet, que na época não passava de um projeto militar do governo dos Estados Unidos.
 
A internet mudou definitivamente a maneira como nos comunicamos e percebemos o mundo. Graças a ela temos acesso a toda informação do mundo à distância de apenas um toque de botão. E quando começaram a se popularizar as redes sociais, um admirável mundo novo abriu-se ante nossos olhos. Uma ferramenta colaborativa extrema, que possibilitaria o contato imediato com outras pessoas através de suas
afinidades, fossem elas políticas, religiosas ou mesmo geográficas. Projetos colaborativos, revoluções instantâneas… Tudo seria maior e melhor quando as pessoas se alinhassem na órbita de seus ideais. O tempo passou, e essa revolução não se instaurou.
 
Basta observar as figuras que surgem nos sites de humor e outros assemelhados. Conhecidos como memes (termo cunhado pelo pesquisador Richard Dawkins, que representaria para nossa memória o mesmo que os genes representam para o corpo, ou seja, uma parcela mínima de informação), essas figuras surgiram com a intenção de demonstrar, de maneira icônica, algum sentimento ou sensação. Ao fazer isso, a tendência de ter uma reação diversa daquelas expressas pelas tirinhas é cada vez menor. Tudo fica branco e preto. Ou se aceita a situação, ou revolta-se. Sem chance para o debate ou questionamento.
 
(…)
 
A situação é ainda mais grave quando um dos poucos entes criativos restantes na internet produz algum comentário curto, espirituoso ou reflexivo, a respeito de alguma situação atual ou recente… Em minutos pipocam cópias da frase por todo lugar. Copia-se sem o menor bom senso, sem créditos. Pensar e refletir, e depois falar, são coisas do passado. O importante agora é copiar e colar, e depois partilhar. As redes sociais desfraldaram um mundo completamente novo, e o uso que o homem fará dessas ferramentas é o que dirá o nosso futuro cultural. Se enveredarmos pela partilha de ideias, gestando-as em nossas mentes e depois as passando a outros, será uma estufa mundial a produzir avanços incríveis em todos os campos de conhecimento. Se, no entanto, as redes sociais se transformarem em uma rede neural de apoio à preguiça de pensar, a humanidade estará fadada ao processo antinatural de regressão. O advento das redes sociais trouxe para perto das pessoas comuns os amigos distantes, os ídolos e as ideias consumistas mais arraigados, mas aparentemente está levando para longe algo muito mais humano e essencial na vida em sociedade: o senso crítico. Será uma troca justa?
 
(http://obviousmag.org/archives/2011/09/redes_sociais_e_colaboracao_extrema_O_fim_do_senso_critico-.htm. Adaptado.Acesso em: 21 fev 2017)
 
 
Com base nos textos abaixo e nos textos acima, bem como no seu conhecimento de mundo, escreva um texto dissertativo-argumentativo, em prosa, sobre a seguinte questão:
 
Os efeitos negativos do uso indiscriminado da internet
 
TEXTO I
 
“A partilha de informações ganhou proporções nunca imaginadas com a popularização das redes sociais.
 
Ganhamos agilidade na troca de informações e estamos mais próximos. Mas a troca indiscriminada de informações descontextualizadas e humor portátil deixa uma questão em aberto: estamos perdendo o senso crítico?”
 
(http://obviousmag.org/archives/2011/09/redes_sociais_e_colaboracao_extrema_O_fim_do_senso_critico-.html.Fragmento.Acesso em: 21 fev 2017)
 
 
TEXTO II
 
(SALIMENA, Raphael.In:jottaclub.com/2017/02/comisao-de-educasao-do-senado-imajina-qe-seja-a-ora-de-mudar-portugues-em–nova-reforma-ortografica/.Acesso em: 11 mar 2017)
 
Observação: Dê um título à redação.
 
Orientação
 
a) Considere os textos desta prova como motivadores e fonte de dados. Não os copie.

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