Com base no recorte de dados da pesquisa exposta abaixo, elabore um projeto de intervenção clínica para ser desenvolvido na UFG. O cabeçalho deverá conter o título do projeto. O projeto deverá ter os seguintes itens a serem avaliados: 1. Introdução (delimitação do problema e fundamentação teórica da Psicologia como ciência e profissão) e objetivos, 2. Método (incluindo articulação do projeto com a rede pública de saúde) e 3. Materiais/ Instrumentos, Análise de resultados e menção de autores utilizados.
DESCRIÇÃO DA PESQUISA
Título
O coping de cuidadores familiares de pacientes portadores de leucemia aguda.
Introdução
A leucemia engloba um grupo de doenças neoplásicas que afetam a produção de glóbulos brancos de formas complexas e diferentes, comprometendo suas funções, sem, contudo, afetar a capacidade de proliferação celular. Essas alterações genéticas são adquiridas (ou seja, não são congênitas) nas células da medula óssea (Hamerschlak, 2008).
As principais formas de tratamento contra as neoplasias são a cirurgia, a quimioterapia (QT), a radioterapia (RT) e, no caso de leucemias, o transplante de medula óssea (TMO), também se faz presente, de acordo com a doença, o tratamento e o paciente. Esses tipos de intervenções podem ter uma função curativa ou paliativa. O tipo de tratamento vai depender da classificação da doença, e esta é feita a partir do órgão acometido, do tecido de origem, dos aspectos estruturais e morfológicos, além da avaliação do tecido que poderá ser atingido com o tratamento escolhido (Hamerschlak, 2008; Yamaguchi, 1994; Setubalh e Doroh, 2008).
De acordo com Carvalho (2008) e Faria e Cardoso (2010), a compreensão do contexto familiar e do quadro socioeconômico é fundamental em uma assistência de qualidade para o paciente e seus familiares, pois seu desconhecimento poderá comprometer o seguimento do paciente e os cuidados exigidos pela doença.
Considerando a literatura revisada, este estudo busca descrever e compreender como se dá o processo de coping (enfrentamento psicológico) em cuidadores familiares de pacientes portadores de leucemia.
Método
Trata-se de uma pesquisa qualitativa e exploratória, com uso de algumas variáveis quantitativas. Foram abordados quatro cuidadores familiares de pacientes portadores de leucemia em tratamento em um hospital universitário de Goiânia – Go, sendo o tempo de tratamento superior a dois meses. A idade dos cuidadores variou de 20 a 43 anos, sendo um do sexo masculino e três do sexo feminino. Foram utilizados um Questionário sociodemográfico, um Roteiro de Entrevista Semiestruturada, um Inventário de Estratégias de Coping – de Folkman e Lazarus – IEC (Savóia, Santana e Mejias, 1996). A análise das entrevistas foi feita de forma qualitativa por meio de análise temática de conteúdo.
Resultados e Discussão
Os quatro cuidadores indicam, em seus discursos, aspectos bastante similares: o desconhecimento da doença; o tratamento em si, a distância de seus familiares, o tratamento fora da sua cidade, mudanças na rotina diária como estressores; suporte social e religião/espiritualidade como estratégias de enfrentamento. O fato de três dos quatro cuidadores serem do sexo feminino coincide com estudos de vários autores que afirmam que a maioria absoluta dos cuidadores é do sexo feminino e familiares, o que se relaciona à questão cultural de atribuir à mulher a responsabilidade pelo cuidado dentro da família (Araújo et al., 2009; Coletto e Câmara, 2009; Volpato e Santos, 2007). Nesta pesquisa, todos os cuidadores são da mesma família dos pacientes (companheiros, mãe e tia). Quanto ao tratamento, foram levantados vários fatores que contribuem para ele ser considerado um estressor, entre eles: tratamento em si, situação financeira, mudanças na rotina diária, distância dos familiares, tratamento fora da sua cidade e rotina nos cuidados ao paciente.
Em relação aos dados obtidos por meio do IEC, pode-se observar que as estratégias de coping mais utilizadas foram o suporte social e a reavaliação positiva, o que mostra que o apoio dos familiares, mesmo distantes, e os pensamentos positivos ajudam a enfrentar os estressores envolvidos na situação de uma maneira mais adaptada. Coletto e Câmara (2009) observaram em seu estudo que a reavaliação positiva é uma alternativa para melhorar a representação emocional dos cuidadores.
Conclusão
Este estudo demonstrou o quanto os cuidadores familiares investigados são impactados pelo diagnóstico e pelo tratamento da enfermidade de seus familiares, o quanto suas vidas se modificam quando assumem o papel de cuidadores principais desses entes e, principalmente, como se reorganizam para se adaptar e enfrentar esta situação. Hoje, há uma demanda contemporânea de se cuidar fisicamente e psicologicamente dos pacientes, mas também de seus familiares, pois ambos estão imersos no contexto da doença e se influenciam mutuamente, de maneira positiva e negativa, o que gera consequências no tratamento e na aderência ao tratamento.