sqd-sistema-de-questoes-discursivas-fundo-escuro-250
Busca por enunciado
Matéria
Banca
Área
Órgão
Ano
Nível de escolaridade
Linhas
Q89631 | Português
Banca: NC/UFPRVer cursos
Ano: 2019
Órgao: UFPR - Universidade Federal do Paraná
12 linhas

A-+=
novo
Salvar em caderno (1)
Faça login para salvar Fechar
Meus Cadernos

Pedro Almodóvar está com quase 70 anos, e Quentin Tarantino logo chega aos 60. Talvez por isso os últimos filmes desses dois diretores pareçam mais sóbrios e maduros, sem a exuberância, a loucura, as reviravoltas extremas de tempos atrás.

Menos coisas acontecem em “Dor e Glória” charivaris almodovarianos da década de 1980. Antes, eu não conseguia me lembrar direito da história porque havia complicações demais.

Agora, as memórias de Salvador (Antonio Banderas), um cineasta em crise, são repassadas com ternura e lentidão. O absurdo dos incidentes e a demência dos personagens quase desaparecem – e só algumas frases totalmente inesperadas, fazem o espectador repetir as risadas de incerteza e choque que outros filmes de Almodóvar sabiam provocar.

Há uma bela e elegante surpresa final.

Também é pelos 20 minutos finais que o fã de Quentin Tarantino irá se sentir em casa com “Era Uma Vez em Hollywood”.

Saímos do cinema em estado de euforia, graças ao desembestado circo de violências do desfecho, sem ligar mais para o quanto o filme tinha de digressivo e espichado.

Tudo bem. Tarantino nunca foi tão artístico, tão delicado e reflexivo. Uso o termo “reflexivo” de propósito, porque “Era Uma Vez em Hollywood” funciona como um sofisticado jogo de espelhos.
 
A começar pelo título, que relembra dois antigos sucessos de Sergio Leone (“Era Uma Vez no Oeste” e “Era Uma Vez na América”). Representaram o auge de um tipo de cinema italiano que se fazia passar por produção de Hollywood: em alguns “westerns spaghetti”, as regiões áridas da Espanha substituíam os desertos do Texas, e atores italianíssimos, como Mario Girotti, ganhavam nomes americanos: Terence Hill, no caso.

Era tudo uma espécie de cópia. Tarantino, no seu novo filme, dobra a parada, e faz a cópia da cópia. Filma a filmagem de um filme spaghetti.
 
Isso porque o herói da história, Rick Dalton (Leonardo DiCaprio), é um ator de faroestes televisivos que, no fim da década de 1960, não tem outra saída a não ser ganhar alguns dólares no cinema italiano.

Outra duplicação está em jogo: Rick não se separa do seu dublê, guarda-costas e faz-tudo Cli Booth (Brad Pitt). São quase idênticos, às vezes.
 
Ambos já viveram dias melhores; passam o filme meio paradões. Mas tudo se torna irresistível quando Tarantino faz com que, do nada, um e outro recuperem a extrema eficiência naquilo em que são bons —representar um papel ou resolver algum assunto na pancada.

Um terceiro jogo de espelhos responde pela tensão, sempre moderada, que acompanha o filme. O longa se passa em 1969, ano em que a atriz Sharon Tate foi assassinada por um bando de fanáticos meio hippies, liderados por Charles Manson.
 
Sharon Tate é uma das personagens de “Era Uma Vez em Hollywood”, e faço o contrário de um spoiler ao dizer que estamos esperando a todo momento que ela venha a ser assassinada. Afinal, este é um filme de Tarantino.

Mas também aqui os personagens, os hippies e as vítimas se duplicam. Volto ao filme de Almodóvar. O personagem de Antonio Banderas está sem saber se vai fazer um novo filme ou não. Encontra um amigo, com quem rompera há 30 anos.
 
Tudo, como em Tarantino, se duplica. A dependência química do amigo “reencarna” no protagonista; em vez de uma só mãe, aparecem duas – e o filme que não estava sendo feito se refaz de repente, como uma ferida que se cura sozinha.

No caso deles, isso não se confunde com maestria, com o pleno domínio dos próprios recursos: há muito tempo eles são mestres.
 
A maturidade representa mais um voltar-se sobre si mesmo, uma dobra, uma reflexão.
 
A partir de uma frase de André Gide (1869-1951), tornou-se comum elogiar o “estilo tardio” de alguns grandes artistas, como Beethoven ou Mallarmé. Na velhice, se tornaram mais ousados. Sua trajetória, dizia Gide, “termina em despenhadeiro”, e, pouco antes da morte, esses criadores “oferecem ao mundo a face mais abrupta de seu gênio”.

Não estamos diante de tais altitudes. Almodóvar e Tarantino têm muito caminho pela frente. Mas, no rumo da descida, inclinam um pouco o corpo – e encontram seu reflexo, nas águas de uma piscina em Hollywood, quem sabe, ou na margem de um rio de lavadeiras, debaixo do sol da Espanha.

(Marcelo Coelho. Disponível em: https: /www1.folha.uol.com.br/
colunas/marcelocoelho/2019/08/o-jogo- duplo-de-tarantino-e-almodovar.shtml.)
 
Elabore um resumo desse texto, de 08 a 12 linhas, apresentando a tese do autor e os argumentos que ele utiliza para justificá-la.

loader-icon

Ops! Esta questão ainda não tem padrão de resposta.

Este campo é para fins de validação e não deve ser alterado.
Quer ver esse conteúdo aqui? Vote abaixo.
Este campo fica oculto ao visualizar o formulário
Este campo fica oculto ao visualizar o formulário
Este campo fica oculto ao visualizar o formulário
Este campo fica oculto ao visualizar o formulário
Este campo fica oculto ao visualizar o formulário

Ops! Esta questão ainda não tem resolução em texto.

Este campo é para fins de validação e não deve ser alterado.
Quer ver esse conteúdo aqui? Vote abaixo.
Este campo fica oculto ao visualizar o formulário
Este campo fica oculto ao visualizar o formulário
Este campo fica oculto ao visualizar o formulário
Este campo fica oculto ao visualizar o formulário
Este campo fica oculto ao visualizar o formulário

Nenhum aluno compartilhou redação com nota superior a 90%.
Confira nossos planos especiais de assinatura e desbloqueie agora!

Ops! Esta questão ainda não tem resolução em vídeo.

Este campo é para fins de validação e não deve ser alterado.
Quer ver esse conteúdo aqui? Vote abaixo.
Este campo fica oculto ao visualizar o formulário
Este campo fica oculto ao visualizar o formulário
Este campo fica oculto ao visualizar o formulário
Este campo fica oculto ao visualizar o formulário
Este campo fica oculto ao visualizar o formulário

Conteúdo exclusivo para alunos da Academia de Discursivas ou assinantes do Sistema de Questões Discursivas.
  • Este formulário é para reportar erros nesta questão discursivas. Caso tenha dúvidas ou precise de ajuda, clique aqui para ver nossos canais de contato.
  • Este campo fica oculto ao visualizar o formulário
  • Opcional

Questões Relacionadas

Nenhuma questão encontrada com os critérios informados.

Espaço de Discussão

Converse com outros usuários do SQD

Acompanhar
Notificar
0 Comentários
Antigos
Recentes Votados
Inline Feedbacks
Ver todos comentários