Os territórios, tanto quanto o lugar, são esquizofrênicos, porque, de um lado, acolhem os vetores da globalização, que neles se instalam para impor sua nova ordem, e, de outro lado, neles se produz uma contra-ordem, porque há uma produção acelerada de pobres, excluídos, marginalizados. Crescentemente reunidas em cidades cada vez mais numerosas e maiores, e experimentando a situação de vizinhança (que, segundo Sartre, é reveladora), essas pessoas não se subordinam de forma permanente à racionalidade hegemônica e, por isso, com freqüência podem se entregar a manifestações que são a contraface do pragmatismo. Assim, junto à busca da sobrevivência, vemos produzir-se, na base da sociedade, um pragmatismo mesclado com a emoção, a partir dos lugares e das pessoas juntos. Esse é, também, um modo de insurreição em relação à globalização, com a descoberta de que, a despeito de sermos o que somos, podemos também desejar outra coisa.
Milton Santos. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 4.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2000, p. 114.
Tendo como referência o parágrafo acima, apresente, sucintamente, as formas como a globalização se mostra, considerando lugar e território.