Texto I
A economista Carlota Pérez, em “Revoluções tecnológicas e capital financeiro” (2022), analisou a interação entre as mudanças tecnológicas, econômicas e políticas e suas relações com o capital financeiro. Segundo o seu modelo, primeiro ocorre a fase de instalação, no qual novos produtos e tecnologias, incentivados pelo capital financeiro, mostram seu potencial e penetram no mundo governado pelo paradigma anterior — esse é o tempo da tecnologia.
Depois, vem o frenesi. Nessa fase, o capital financeiro se sobrepõe ao funcionamento de todo o sistema produtivo. A economia monetária desvincula-se da economia real, as finanças desvinculam-se da produção e o fosso entre as forças da economia e o quadro regulatório aprofunda-se, tornando esse último impotente. É uma época de contrastes: de um lado, a emergência de novos milionários; de outro, o aumento da exclusão social. O frenesi é também uma fase marcada pela especulação, pela corrupção e pela exaltação ostensiva da riqueza, bem como pela intensa exploração de todas as possibilidades abertas pela revolução tecnológica, o que estimula uma espécie de economia de apostas e inflaciona os ativos no mercado de ações, criando a ilusão de uma multiplicação milagrosa da riqueza. Nesse contexto, a confiança nos “gênios financeiros” cresce, enquanto as tentativas de regulamentação são vistas como entraves ao caminho para uma sociedade bem-sucedida. O frenesi culmina, assim, na formação de uma bolha financeira.
Em seguida, há o ponto de inflexão, no qual se busca restabelecer o equilíbrio entre os interesses individuais e coletivos, geralmente por meio de intervenções regulatórias do Estado.
A partir desse momento, todas as condições favorecem a produção e o florescimento do novo paradigma, que agora é dominante. Esse é o tempo da produção, uma vez que as externalidades básicas para a construção da revolução tecnológica – especialmente a infraestrutura – foram implantadas durante o frenesi e, agora, suportam uma expansão dinâmica pautada em um modo de crescimento baseado na coesão social e no florescimento das ideias de confiança.
Adaptado de PEREZ, Carlota. Technological Revolutions and Financial Capital. Massachusetts: Edward Elgar Publishing, 2002.
Texto II
Desde o lançamento do ChatGPT, em 2022, o valor do mercado acionário dos Estados Unidos aumentou em US$ 21 trilhões. Apenas dez empresas – incluindo Amazon, Broadcom e Nvidia – são responsáveis por 55% desse crescimento. Todas se beneficiaram com o entusiasmo pela inteligência artificial (IA). O próprio Larry Ellison, fundador da Oracle, tornou-se, brevemente, o homem mais rico do mundo, depois que o entusiasmo pela IA fez com que o preço das ações da Oracle, sua empresa, disparassem. No primeiro semestre do ano, o boom de investimentos em tecnologia da informação foi o principal responsável pelo crescimento do PIB norte-americano; e, no acumulado do ano, um terço de todo o capital de risco investido no Ocidente foi destinado a empresas de IA. Contudo, um levantamento recente concluiu que as receitas até o momento têm sido “decepcionantes”. Embora as receitas estejam crescendo, elas ainda constituem uma fração minúscula dos investimentos que tem sido realizados. Não é de admirar que, cada vez mais pessoas, estejam se perguntando se o investimento em IA se tornou irracionalmente exuberante.
Adaptado de What if the AI stockmarket blows up? in: https://www.economist.com/finance-and-economics/2025/09/07.
Texto III
A inovação tecnológica tem historicamente remodelado a demanda por habilidades, reconfigurado estruturas ocupacionais e gerado novos empregos e ganhos de produtividade, ao mesmo tempo em que tornou alguns empregos obsoletos e aumentou os riscos de deslocamento. Os rápidos avanços e a proliferação da inteligência artificial (IA), particularmente da IA generativa (GenAI), e a digitalização irão remodelar significativamente os mercados de trabalho. Esse processo tende a ser acompanhado por uma diminuição na participação da renda do trabalho e pelo aumento das desigualdades. Ao contrário das ondas anteriores de automação, que afetaram principalmente tarefas rotineiras ou manuais, a GenAI demonstra capacidade de executar funções cognitivas complexas e não rotineiras que antes eram consideradas domínios exclusivamente humanos. A capacidade de aproveitar esses avanços não está distribuída de maneira uniforme, com uma significativa exclusão digital persistindo entre economias avançadas e economias em desenvolvimento e entre diferentes extratos da sociedade. Essa exclusão, decorrente de disparidades na infraestrutura digital, habilidades, acessibilidade e estruturas políticas de apoio, influencia significativamente a forma como a sociedade pode se envolver, adotar e se beneficiar da IA.
Adaptado de Artificial intelligence adoption and its impact on jobs. Organização Internacional do Trabalho, G20 Technical Paper, Maio 2025.
Sobre as relações entre o avanço das novas tecnologias e suas repercussões econômicas e sociais,
▪ apresente duas características da fase frenesi que estão presentes no atual momento de entusiasmo com a IA;
▪ cite e caracterize um impacto da expansão acelerada da IA sobre o mundo do trabalho;
▪ descreva uma política pública ou medida regulatória capaz de mitigar os efeitos negativos decorrentes dos avanços da IA.
Responda aos itens referidos, elaborando um texto dissertativo-argumentativo.
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