Texto I
“Financeirização” da pobreza
Espera-se, contudo, poder mostrar como as relações entre consumo, poupança e crédito não são mais as mesmas e nem envolvem os mesmos processos. Aqui, parte-se do argumento que o ponto de inflexão que permitiu uma alteração significativa no jogo de relações no interior do qual as práticas populares de consumo se estruturam consiste na proliferação dos mecanismos de crédito.
Há também que se levar em consideração uma série de fatores econômicos específicos situados em planos mais globais. Trata-se, primeiramente, da expansão do mercado de crédito, que partiu da estabilização da economia e do sistema financeiro brasileiros. A chegada do plano Real e o fim da inflação foram pano de fundo necessário para que este evento ocorresse. Além disso, a abertura comercial do país possibilitou o barateamento de vários bens, que por sua vez, foram consumidos em proporções inéditas devido ao incremento da renda dos trabalhadores.
Há que se considerar que todos estes eventos acabaram permitindo a estabilização do sistema financeiro no país e abriram as portas para que o mercado de crédito sofresse alterações.
A literatura mostra como os bancos tiveram que buscar outras estratégias para aumentar seus resultados e optaram pelo mercado de crédito, como eixo norteador da mudança (Zerrener, 2007). Foi assim que a partir de meados da década de 90, assistiu-se a um aumento da oferta de produtos financeiros aos mais pobres, como contas-poupança e contas simplificadas6 . Tal movimento gerou novas formas de concessão de crédito, com juros mais baixos e estáveis, se comparados às épocas de inflação e com prazos de pagamento mais extensos. Foi assim que os empréstimos puderam se expandir. As administradoras de cartão de crédito também ampliaram sua clientela, não só devido ao aumento de contas bancárias, mas também às estratégias acionadas para incorporar certas faixas da população como forma de expansão de suas bandeiras. (…)
O fenômeno da emergência dos cartões requalifica, assim, o consumo popular, inserindo o que se pode chamar de financeirização nas dinâmicas cotidianas. Ao possibilitarem aos seus possuidores dispor da existência de um valor fictício a mais todo mês, o limite de crédito destes cartões acaba se tornando incluso em parte do orçamento doméstico em si, o que significa que as famílias já calculam seus orçamentos contando com a presença desta renda a mais. Daí a enorme proliferação destes artefatos, pois constituem, para muitos, a forma mais rápida e segura de contar com um dinheiro extra em momentos de necessidade. Estes elementos, dentre outros, tornam os cartões objetos quase que indispensáveis. Sem ele, fecha-se uma série de possibilidades, pois a partir do momento que se conta apenas com a renda bruta mensal, qualquer possibilidade de ousar e gastar um pouco mais do que se tem, torna-se praticamente impossível.
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/262917/mod_resource/content/2/Claudia_Scire%CC%81-Financeirizacao_da_pobreza.pdf
Texto II
Compra de alimentos é a principal causa de endividamento do brasileiro, aponta Serasa
A pesquisa “Perfil e Comportamento do Endividamento Brasileiro 2023” revelou que, das dívidas contraídas por conta do cartão de crédito, 59% correspondem a gastos de alimentos em supermercados.
Em segundo lugar, a compra de produtos como roupas, calçados, eletrodomésticos, dentre outros, foi responsável por 46% dos endividamentos por cartão dos consumidores no Brasil.
Dos entrevistados, 83% dizem que já atrasaram o pagamento de outro tipo de obrigação financeira, porque tiveram de priorizar o pagamento de uma conta de consumo de casa.
O estudo identificou também que, para a maioria (82%) das pessoas, o valor dessas contas dentro do orçamento chega a até R$ 750 — quase a metade do salário-mínimo, que atualmente está em R$ 1.320.
Atrasos longos no pagamento de dívidas também são comuns entre boa parte dos brasileiros: 74% dos devedores de contas básicas afirmam ter uma pendência atrasada há pelo menos um ano.
https://www.cnnbrasil.com.br/economia/compra-de-alimentos-e-a-principal-causa-de-endividamento-do-brasileiro-aponta-serasa/
Texto III
Endividamento e inadimplência do consumidor caem em fevereiro
O percentual de famílias com dívidas atrasadas, a chamada inadimplência, caiu e atingiu 28,1% em fevereiro. É a quinta redução seguida desde setembro de 2023, quando o indicador estava em 30,2%, e o menor nível desde março de 2022 (27,8%). Os dados fazem parte da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta sexta-feira (8) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A proporção de famílias endividadas – mas não necessariamente inadimplentes – também recuou, alcançando 77,9% em fevereiro. Em janeiro, era de 78,1%. Na comparação anual, a redução é ainda maior, contra os 78,3% de fevereiro de 2023.
De acordo com a CNC, a redução anual na proporção de endividados foi puxada pelas mulheres. Enquanto os homens mantiveram o patamar de 77,2% entre fevereiro de 2023 e fevereiro de 2024, as mulheres reduziram o indicador de 79,5% para 78,8%. Na comparação entre janeiro e fevereiro, a regressão foi de 0,2 ponto percentual.
“Isso é um sinal positivo, mostrando uma melhora do planejamento financeiro e do orçamento das famílias lideradas por mulheres, mostrando que as mulheres vêm se preparando para voltar para o mercado de consumo em 2024”, avalia o economista-chefe da CNC.
https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2024-03/endividamento-e-inadimplencia-do-consumidor-caem-em-fevereiro
Tendo como base que o texto motivador, redija um texto dissertativo-argumentativo acerca do seguinte tema:
CAUSAS PARA O ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS
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