A expressão “cadeias globais de valor”, embora tenha surgido nos campos da Administração e da Sociologia, especialmente com a publicação do livro “A Vantagem Competitiva das Nações”, de Michael Porter, e com os trabalhos de Gary Gereffi, passou a ser largamente utilizada e estudada pelos economistas de diferentes afiliações teóricas.
A proliferação das cadeias globais de valor reflete, a rigor, a tendência à fragmentação global da produção em partes, peças, componentes (isto é, em bens intermediários) e em produtos finais. Nessa tendência, as empresas multinacionais americanas, europeias e japonesas, em resposta ao acirramento da concorrência oligopolista na esfera mundial, deslocaram parte expressiva de sua produção fabril para países em desenvolvimento, notadamente na Ásia, Leste Europeu e América do Norte (via North American Free Trade Agreement – NAFTA), com disponibilidade de mão de obra de baixa, de média e de elevada qualificação, mas com salários reais médios relativamente menores do que os auferidos nos países desenvolvidos.
Com a proliferação das cadeias globais de valor, a geração e a apropriação do valor adicionado gerado em cada país tornaram-se mais complexas, uma vez que a maior parte dos produtos manufaturados abarca diferentes etapas desde sua concepção, nos centros de pesquisa e desenvolvimento (localizados, mormente, nos países desenvolvidos), até a produção de bens intermediários e a própria fabricação, dispersas em diferentes países e continentes, e os diversos serviços necessários após a fabricação (marketing, publicidade, rede de distribuição, assistência técnica, etc.). O conhecido gráfico da chamada Curva “Sorriso” (“Smile” Curve) ilustra os diferentes níveis de apropriação do valor adicionado pelas empresas que se engajam nesse processo.
Entre as principais evidências empíricas concernentes às cadeias de valor, destaca-se a fragmentação global da produção. Em estudo publicado em 2012, Marcel P.Timer, Abdul Azeez Erumban, Bart Los, Robert Stehrer e Gaaitzen J. de Vries reportam as seguintes tendências observadas entre 1995 e 2008:
Com base em dados de 560 produtos relacionados a 14 subsetores do setor manufatureiro de 40 países, a participação do valor adicionado estrangeiro no total da cadeia de valor aumentou, em média, de 28% para 34% em 85% do total da amostra. Na cadeia de valor dos equipamentos elétricos, considerada o modelo típico da fragmentação global da produção, a participação do valor adicionado estrangeiro já abarcava, em 2008, 40% da cadeia total produzida.
TIMER, M.P.; ERUMBAN, A.A.; LOS, B.; STEHRER, R; VRIES, G.J. Slicing up global value chains. Journal of Economic
Perspectives, v.28, n. 2, p. 105-106, 2012. (tradução nossa). Adaptado.
As forças conjuntas da redução das barreiras ao comércio internacional, da concorrência imperfeita e das economias de escala, ao engendrarem três estratégias de investimento direto estrangeiro (IDE) — IDE horizontal, IDE vertical e IDE sob a forma de integração complexa, que combina ambas as estratégias de IDE —, levaram à fragmentação da produção e à disseminação das cadeias globais de valor, nas últimas décadas.
Nesse contexto, considerando as informações apresentadas, redija um texto dissertativo contínuo, de 35 a 45 linhas, explicando, de modo fundamentado,
• como as forças da redução das barreiras ao comércio internacional, da concorrência imperfeita e das economias de escala levaram à fragmentação da produção global nas últimas décadas;
• quais são os fatores que determinam a escolha, por parte das empresas multinacionais, de cada uma destas estratégias responsáveis pela disseminação das cadeias globais de valor: IDE horizontal; IDE vertical; e IDE sob a forma de integração complexa.
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Em uma economia globalizada, as empresas buscam otimizar essa produção em locais que ofereçam as melhores condições para determinados tipos de atividades, criando, assim, cadeias de valor globais.
Empresas oligopolistas procuram explorar vantagens comparativas e reduzir custos de produção ao máximo. Uma estratégia para isso é fragmentar a produção globalmente, localizando diferentes etapas do processo produtivo em países ou regiões onde os custos sejam menores (por exemplo, mão de obra mais barata, incentivos fiscais ou proximidade de recursos naturais).
Assim, a busca por competitividade e eficiência produtiva num cenário de mercado globalizado levou à proliferação de estruturas de produção fragmentadas ao redor do mundo.