Leandro é um homem de 28 anos e reside com os pais. Há quatro anos, o jovem começou a apresentar sintomas de esquizofrenia, como: alucinações, ideias persecutórias de que está sendo perseguido por uma pessoa que quer mata-lo, seu isolamento social foi se intensificando com o passar do tempo, quando fica sem vontade de sair de casa por medo da perseguição. Leandro nunca havia feito tratamento psiquiátrico ou psicológico até o primeiro surto, ocasião na qual os pais o internaram em um hospital psiquiátrico da região, local onde ficou por 40 dias. No retorno para casa, a família tentou buscar tratamento, porém ele não aceitou conhecer o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e até hoje relata que tem medo de ir até lá e ser internado novamente, já que imagina o CAPS como um hospital. Ele foi atendido na época pelo psiquiatra na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro e segue desde então o uso das mesmas medicações, porém de forma irregular. Nem sempre os pais ou ele mesmo se lembram de comparecer aos retornos e acabam perdendo a data de renovação e reavaliação do tratamento. Em tal contexto, nota-se a repetição de novos surtos, ocasiões nas quais o jovem fica mais agressivo e não aceita ajuda. Os pais assustados e com medo das reações do filho deixam-no trancado no quarto, levando comida e utensílio para defecação e urina. Essa situação, além de comprometer a higiene pessoal, acaba gerando um transtorno para toda a família. Leandro fica revoltado e triste, enquanto os pais sentem culpa pela situação em si e constrangimento devido às reclamações da vizinhança pelos gritos e pelas falas do filho. Os pais, já idosos, relatam que agem dessa forma por medo de serem agredidos e que ficam sem coragem de chamar uma ambulância ou aceitar ajuda de visita domiciliar, da equipe da UBS, por sentirem medo de possível retaliação de Leandro. Quando ele está fora de surto, em um quadro mais estabilizado, expõe o desejo de voltar a estudar (deixou a escola na metade do Ensino Médio) e a trabalhar. Já sobre a temática de estabelecer laços sociais com outras pessoas, Leandro diz que “não sente falta”, porém revela que “tem muita vontade de ir ao cinema, porém não gostaria de ir sozinho”. Quando mais jovem, gostava de jogar vôlei em uma praça do bairro e começou a aprender tocar violão, atividades que não tiveram continuidade após o primeiro surto.
A partir da análise do caso de Leandro e pautados pela Política Nacional de Saúde Mental, qual é o papel de um psicólogo na Atenção Básica? Como esse profissional deve articular os três níveis de atenção em saúde mental?
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