O Escritório de Serviços de Supervisão Interna da Organização das Nações Unidas (OIOS, na sigla em inglês), publicou, em maio de 2015, relatório de avaliação da aplicação das normas relativas à prevenção e repressão de atos de exploração e abuso sexual praticados por militares, policiais e funcionários civis integrantes das missões de paz da ONU (peacekeepers), bem como das medidas adotadas para assistir as vítimas. Tal relatório destaca a existência de provas, colhidas in loco, de que é comum, porém pouco reportada, a ocorrência de sexo transacional entre a população local e membros das missões de paz. A propósito, ressalte-se que a ONU, em boletim interno publicado em 2003, “desencoraja fortemente” os peacekeepers de manter relações sexuais com pessoas beneficiárias das atividades de assistência promovidas pelas missões de paz. Além disso, a organização proíbe o sexo com menores de 18 anos, o sexo em troca de assistência, comida, bens, serviços ou dinheiro, e, ainda, o sexo obtido por meio de agenciadores.
A maior concentração dos casos de abusos identificados no relatório dá-se em quatro das onze missões avaliadas. Os avaliadores não identificaram nenhum caso que envolvesse militares e policiais brasileiros. O relatório ressalta, ainda, a falta de transparência das investigações, questiona a efetividade da apuração dos desvios de conduta, revela a dificuldade de punição dos responsáveis pelos abusos e aponta os problemas de coordenação com os países receptores e com os países que enviam contingente para as missões de paz.
Apesar de as estatísticas revelarem uma tendência de diminuição dos casos de abuso e exploração sexual de pessoas assistidas pelas missões de paz, o relatório destaca que o problema persiste e não deve ser ignorado.
Internet: <https://oios.un.org> (com adaptações).
Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motivador, responda, fundamentadamente, aos seguintes questionamentos.
► Brasileiro integrante de missão de paz que abusar sexualmente de pessoa assistida pela missão em que atua poderá ser processado civil e criminalmente no país em que ocorreu o abuso? [valor: 5,00 pontos]
► Ao comandar uma missão de paz, o Estado brasileiro poderá promover medidas disciplinares e legais contra peacekeepers de nacionalidade estrangeira que abusarem sexualmente de pessoas assistidas pela referida missão de paz? [valor: 4,50 pontos]