Um canil de criação de cães da raça Husk Siberiano, localizado na cidade do Rio de Janeiro, RJ, contava com assistência médico-veterinária que adotava a imunização sistemática dos animais com vacina polivalente contra cinomose, hepatite infecciosa, parvovirose, adenovirose, coronavirose e leptospirose (bacterina bivalente sorovares Canicola e Icterohaemorrhagiae.). Os animais jovens recebiam três doses sucessivas de vacina na sexta, nona e décima segunda semana de vida, respectivamente. Os adultos eram revacinados anualmente. Os animais eram mantidos em boxes dotados de solário com dimensões que atendiam as suas condições de bem-estar e eram regularmente levados para passear em um quintal ajardinado no interior da propriedade. No mês de fevereiro, de um ano com índices pluviométricos elevados, duas cadelas e um macho, adultos, adoeceram apresentando um quadro agudo de hipertermia, icterícia, diarreia e hemorragias. A despeito do pronto atendimento médico-veterinário, uma das fêmeas e o macho vieram a óbito e foram encaminhados para a necropsia na qual foram colhidas amostras de fígado e rim destinadas a exames laboratoriais. Entre os exames efetuados, foi realizado o teste de PCR, em tempo real, que confirmou a positividade para leptospirose. A fêmea que sobreviveu foi tratada com antibiótico, antitérmico, protetor hepático e hidratação. Deste animal foram efetuadas duas colheitas de sangue com intervalo de 15 dias, das quais a primeira durante a fase de hipertermia. As amostras de sangue foram enviadas ao laboratório para a realização do teste de soro aglutinação microscópica aplicada a leptospirose (SAM) com antígenos constituídos por leptospiras vivas. Os resultados obtidos constam da tabela apresentada a seguir. O proprietário do canil questionou o laboratório que produziu a vacina utilizada com relação à falta de proteção conferida.
Cão Husk Siberiano, fêmea, submetido ao teste de soroaglutinação microscópica aplicada a leptospirose (SAM)* segundo o momento da colheita do sangue e a natureza do resultado obtido expresso em título da reação por sorovar reagente
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Sorovar de leptospira
Momento colheita de sague
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Icterohaemorrhagiae |
Copenhageni |
Canicola |
Pyrogenes |
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1ª Amostra** |
100 |
NR*** |
100 |
200 |
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2ª Amostra |
400 |
1600 |
NR |
100 |
* Ponto de corte 1:100, titulação série geométrica de diluições de razão dois; título = recíproca da maior diluição com 50% de leptospiras aglutinadas por campo microscópico.
** 1ª amostra, fase aguda; 2ª amostra 15 dias após a 1a.
*** NR = não reagente.
A partir das informações apresentadas, responda o que se pede:
a) Analise e interprete os resultados obtidos no teste de soroaglutinação microscópica aplicada a leptospirose.
b) Com base nos resultados dos exames laboratoriais efetuados, apresente explicações que podem ser aventadas para a falha da vacina empregada.