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Q100348 | Português
Banca: FundepVer cursos
Ano: 2004
Órgao: CM BH - Câmara Municipal de Belo Horizonte

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INSTRUÇÃO: A questão devem ser respondidas de acordo com o texto abaixo. Leia atentamente todo o texto antes de responder a elas.

AS GRANDES ENTREVISTAS DE CAROS AMIGOS

OUÇAM ESTA VOZ

O economista Celso Furtado, 82 anos, nascido em Pombal, no sertão paraibano, é muito mais do que um economista: trata-se do pensador de esquerda mais influente no País no último meio século.

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Mora num apartamento em Copacabana, onde concedeu entrevista, em dezembro, para o número zero do semanário Brasil de Fato, que será lançado em março próximo e a cedeu para publicação na íntegra em Caros Amigos .

João Pedro Stedile – Na sua opinião, quais são os problemas fundamentais da sociedade brasileira atual?

Celso Furtado – O primeiro desafio é dar prioridade ao problema social e não ao problema econômico.[…] O que está em jogo é o futuro do Brasil.

João Pedro Stedile – Por que o senhor diz que o problema social é maior do que o econômico? Então, no econômico, não temos problema?

[…] É que o Brasil investiu muito e criou um sistema industrial dos mais poderosos do mundo, sendo hoje uma economia que pesa no sistema de decisões. Por outro lado, o Brasil tem graves limitações. A capacidade de se autodirigir, criar o seu próprio destino é muito limitada, e isso tem a ver com o social e não, com o econômico. Se o Brasil partir da identificação dos problemas sociais, conseguirá criar um tipo de opinião pública como essa que se manifestou agora na eleição de Lula. De tudo isso, o mais importante é a diferença que há nesse movimento de hoje em dia, que é de raiz popular, de raiz social, partiu para a investigação dos problemas sociais e não dos problemas econômicos. Portanto acho que se ganha uma parte da batalha se for priorizado o problema social. Isso eu compreendo que é um pouco a estratégia de Lula. Colocando o problema social, ele vai criar um tipo de opinião pública cada vez mais democrática, de raiz popular, e essa opinião pública de raiz democrática é que vai permitir consolidar esse próximo momento, e você vai ter finalmente a transformação do Brasil partindo do social e não do econômico.
 
João Pedro Stedile – O senhor é considerado o mestre de todos os economistas e dos brasileiros que sonhavam com um projeto nacional. Hoje, um projeto nacional que contornos teria?

Primeiramente, teríamos de discutir, identificar o espaço que existe para um projeto nacional, nessa direção, porque não basta falar em projeto nacional, é preciso saber onde se quer chegar. […] O problema brasileiro não é econômico. Se fosse, você ficaria amarrado para resolver o problema a partir do Banco Central. O problema é social, você deve partir da mobilização das forças sociais, da identificação dos problemas que afligem a população, em primeiro lugar, o sofrimento enorme desses milhões de pessoas que passam fome. […] A verdade é que a gente vai vendo que o Brasil é um país de construção imperfeita, e hoje está desconchavado, desmantelado, porque a capacidade de comando que tínhamos sobre a economia, mesmo limitada, atualmente é muito menor. Você encontra qualquer economista estrangeiro que estuda o Brasil, ele quer saber sobre a balança de pagamentos. E você vai identificar o que de importante no caso? A imensa dívida externa, que tem de ser paga. Essa dívida, comparada com a de outros países, não é tão grande, ela é grande em relação à capacidade do Brasil de servi-la, que é muito limitada…
 
João Pedro Stedile – Ela engessa nossa economia…

Engessa, e a possibilidade de se autogovernar se reduz. Você só pode mudar esse quadro mudando o projeto social, o estilo de desenvolvimento do Brasil, e isso é o que eu imagino que a geração nova fará.

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João Pedro Stedile – Criar agroindústria. Interiorizar a indústria…

Tem de começar por isso. Se você interiorizar a indústria, reforça o sistema econômico do País, em vez de fragilizá-lo. Não é criar emprego por criar simplesmente, sem nenhum sentido econômico. Não se pode perder de vista que a economia tem suas exigências, e você, portanto, não pode pensar em criar empregos de qualquer forma, como muita gente pensa. Veja, por exemplo, lá no interior do Nordeste, onde hoje tem tanta gente desempregada, mas vivendo com uma pequena subvenção. Instala-se, assim, uma cultura da miséria, da mendicância, da semimiséria. E isso é um crime num país tão rico, com tanto potencial, com tanta terra, mas onde não se planta. E como transformar a agricultura numa agricultura viável para uma sociedade com uma demanda diferente? Esse é o desafio. Portanto seria necessário que um movimento como o dos sem terra gerasse uma força de transformação da economia rural – não é somente dizer “vou fazer isso e aquilo, fazer greve”, mas ter um programa de transformação do mundo rural, porque o Brasil tem enorme potencial nessa área. Não é um país qualquer. Tem um potencial importante; se investir no campo com critério e habilidade pode criar manchas novas na economia moderna no Brasil, de um tipo novo.
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Plínio Sampaio Jr. Uma de suas grandes lições é como aproveitar o progresso técnico para o desenvolvimento nacional. O senhor estava falando aqui que precisamos ser diferentes, fazer nosso caminho, introduzir o progresso técnico em função das nossas necessidades, das nossas possibilidades. É possível ser diferente na ordem global?

Não se trata de ser diferente, trata-se de ser racional. A ordem global é uma coisa, a ordem de cada país é outra. Queiramos ou não, haverá uma ordem para cada país. Agora, essa ordem será administrada como? Internamente ou virá tudo programado de fora? O pessoal fica dizendo: “O Brasil não pode ser diferente dos outros”. Ora, todos os países são diferentes. Não há país que não seja diferente. Começa pelos Estados Unidos. Veja o cuidado que eles têm em proteger suas indústrias. Ou, então, um país da Europa, hoje em dia integrado num grande mercado comum: todos eles têm muito cuidado antes de tomar qualquer medida. […] Dadas essas circunstâncias, esses fatos concretos, cabe-nos definir um rumo para o nosso país.
 
João Pedro Stedile – Tem muita gente dizendo que a solução para o Brasil é exportar. Qual é a sua opinião?

[…] Na verdade, o que eles querem dizer é que essa é uma forma de criar emprego. É o lado positivo da afirmação. Agora, privilegiar a exportação é uma forma também de favorecer os capitais estrangeiros. Por exemplo, o forte aumento das exportações brasileiras beneficiou, e muito, o capital estrangeiro que está no País, o que levou a uma espécie de alívio da situação cambial. É preciso reconhecer que o País tem também uma grande dívida interna, o que faz com que cada empresa credora interfira na administração dessa dívida.

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João Pedro Stedile – Para encerrar: o senhor falou durante toda a entrevista que o fundamental agora é a política e não, a economia. E que, na política, é essencial a participação popular. Então, qual seria a sua recomendação para os militantes sociais?

De uma maneira geral, eu diria que valorizem as instituições de base popular e que se organizem no País movimentos de opinião, que deixemos de ser uma massa amorfa explorada pelos aventureiros.

STEDILE, J.P.; SAMPAIO JR., P.; ARBEX JR., J. Caros Amigos , 6 dez. 2003.p. 3337. (Texto adaptado)
 
Argumentando de maneira lógica e convincente, REDIJA um pequeno texto, explicando o que pensa Celso Furtado quando, ao responder a Plínio Sampaio Jr., diz:

“Não se trata de ser diferente, trata-se de ser racional.”

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