Instruções:
1. Leia o texto cuidadosamente, procurando captar suas idéias essenciais, na progressão e no encadeamento em que aparecem. Apresente, com suas próprias palavras, esses pontos mais importantes.
2. Utilize somente a folha de transcrição reservada para o resumo.
3. Não assine a prova discursiva, nem por qualquer forma o identifique. A identificação implicará anulação da prova.
Ao nos depararmos com o tema loucura, temos alguns pontos de partida, algumas notas de abordagem, alguma compreensão, mas por enquanto é um fenômeno que nos aparece e se nos defronta com a máxima agudeza e simplicidade, máxima intensidade e mínima mediação.
Já é abordável, não é mais um mistério total. Estamos longe, porém, de poder interferir e prevenir facilmente, sabendo que é muito cômodo tentarmos encapsular a loucura dentro dos muros de um manicômio da mesma forma que tentamos encapsular a marginalidade dentro dos muros das prisões e tentamos, enquanto organizados como estamos hoje, estabelecer uma espécie de cordão sanitário protetor a respeito de um sem-número de assuntos, na ilusão de que somos capazes de remeter para uma periferia remota questões absolutamente centrais.
A partir dos ensinamentos da psicanálise, já estamos relativamente habituados ao fato de que todos os fenômenos ocorrem com todos. Eventualmente, varia um pouco o grau de intensidade, claro que varia de acordo com as capacidades, tendências e talentos individuais, mas não há um fenômeno humano que se passe com determinado homem que seja estranho a outro.
Assim, podemos deixar a proteção ilusória do cordão sanitário.
Gostaria de realizar um esforço e tentar apreender o fenômeno antes de analisá-lo; na medida do possível, sem diminuí-lo ou exagerá-lo, mas numa tentativa de observá-lo.
O tema nos toca emocionalmente, pois se refere inevitavelmente a um sofrimento, não a qualquer sofrimento, talvez aos limites do sofrimento humano, quando se resolve por uma morte mental num último esforço para sobreviver antes de sucumbir também biologicamente.
Como vejo esse sofrimento? E de outra parte, como o mundo me aparece a partir desse sofrimento?
(LANDA, Fábio. “Olhar louco”. In Adauto
Novaes (org.). O olhar. São Paulo: Companhia das letras, 1988, p. 425.)