Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida…
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
[…]”
(Fernando Pessoa. Quando fui outro. Rio de Janeiro: Objetiva, 2006.)
Texto II
A internet nos pressiona a ser feliz?
Hoje a pressão por viajar e se divertir é tão grande quanto a que nossos pais sofriam por
ter uma vida estável.
Outro dia, em uma conversa com amigos em um grupo de e-mails, falávamos sobre como a nossa geração está cada vez mais nômade. Temos uma obsessão por ser feliz e viajar, curtir a vida. E mostrar para todo mundo ver. Por isso há dias em que nossas timelines viram uma bela coleção de gente feliz e sem problemas eternizadas em fotos com filtros coloridos […] Se formos nos basear nas fotos dos amigos no Face ou no Instagram, parece que todos comem todo dia nos melhores restaurantes e vivem numa longa viagem ao redor do mundo. Mas eu e você sabemos que a realidade é bem menos atraente.
Outro dia comentei no Facebook as fotos de viagem de uma amiga com o namorado pelo interior da Itália. Pareciam tão felizes. Lindos, no paraíso. E aí a amiga veio e me disse em particular: “na verdade foi horrível, brigamos durante a viagem inteira”. As fotos dela mentiam. Como tantas outras minhas, suas e de todos os nossos amigos mentem diariamente. Por quê?
Fragmentos: https://www.bayerjovens.com.br/pt/colunas/coluna/?
materia=a-internet-nos-pressiona-a-ser-feliz-
Texto III
“Talvez não exista pior privação, pior carência, que a dos perdedores na luta simbólica por reconhecimento, por acesso a uma existência socialmente reconhecida, em suma por humanidade.”
(Pierre Bourdieu, Meditações pascalianas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.)
Texto IV
“O valor mais característico da sociedade de consumidores, na verdade seu valor supremo, em relação ao qual todos os outros são instados a justificar seu mérito é uma vida feliz. A sociedade de consumidores talvez seja a única na história humana a prometer felicidade na vida terrena, aqui e agora e a cada “agora” sucessivo. Em suma, uma felicidade instantânea e perpétua.”
(Zygmunt Bauman. Vida para consumo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008.)
Os excertos de textos, oferecidos como motivadores temáticos, promovem, conjuntamente, uma reflexão sobre a exposição e a busca por reconhecimento pessoal construídas com base em uma realidade pré-fabricada em aspectos tais como aparência, idealização, realização, felicidade e autoafirmação. Nesse sentido, a partir da leitura dos textos de apoio e do seu conhecimento de mundo, elabore um texto dissertativo-argumentativo em que você discuta o seguinte tema: A busca por reconhecimento pessoal na sociedade contemporânea: causas e consequências.
Selecione fatos e argumentos, relacionando-os, de modo coeso e coerente, para construir seu ponto de vista.
Gostaria de saber se trazendo argumento de autorizade, alusões históricas, referência a filmes, etc e dividindo o desenvolvimento em tópico frasal, repertório informativo, conexões argumentativas e desfecho crítico (igual nas redações do ENEM) vai agregar bastante valor na minha redação ou posso fazer só o “feijão com arroz” mesmo cpnsiderando que é AOCP. Eu estou aprendendo redação do zero mesmo e estou tendo bastante dificuldade na construção dos textos, só estou conseguindo fazer estudando o assunto antes ou com consulta.
Oi, Thiago. Eu também sou aluna e entendo bem o que você está passando. No início, vamos construindo nossas discursivas assim mesmo, como você faz: pesquisando sobre o tema antes e depois elaborando a discursiva. Contudo, com o tempo, de tanto fazermos (toda semana, pelo menos uma), vamos nos acostumando e compreendo melhor, melhorando nosso repertório etc., e tudo vai fluir mais facilmente depois.
A gente pensa que está “pescando” se pesquisar sobre o tema antes, mas, não. No começo é assim mesmo. De tanto fazermos discursivas, vamos nos acostumando e a escrita vai se tornando mais fácil, pois ficamos até com as frases já gravadas na mente, haha. Só questão de treino. Você consegue, está no caminho certo. Faça pelo menos uma por semana. Se estiver com edital aberto, faça 2 ou 3. Vou te dizer como eu fazia: Ler a proposta -> Buscava repertório sobre o assunto (estudar o tema) -> Lia o espelho -> Lia a discursiva já feita pelo professor -> Elaborava a minha (cronometrando).
Oi Thiago! Também estou passando por tudo isso que você descreveu.Mas acredito que devo estar algumas (poucas) práticas de redação à sua frente e chegando à conclusão que é assim mesmo. Fiz exatamente como a colega Débora descreveu que estudava e acredite, já evoluí bastante! Tudo bem com treino! Vale a pena separar um tempo bom para se dedicar à redação! Vamos lá!