Considere o caso a seguir:
Felipe, 24 anos, solteiro, ensino fundamental completo, reside com a mãe e o padrasto, e trabalha como autônomo na área de construção civil. Foi encaminhando para atendimento ambulatorial após um período de internação psiquiátrica por uso de álcool, cocaína, maconha e alucinógenos. Ele é um jovem adulto, com estatura média, magro e de cor parda. No início do atendimento foi colaborativo, embora tenha se mostrado tímido. Ao longo da entrevista, chamou atenção o embotamento afetivo que apresentava. Segundo ele, sua mãe dizia que ele parecia um robô desde que foi internado.
Durante a infância, Felipe residiu com a avó, pois sua mãe trabalhava muitas horas. Ele nunca soube quem era seu pai. A mãe o visitava nos fins de semana e sempre levava algum presente. Na escola, disse ter sido um aluno mediano. Referiu poucos amigos e justificou isso por ser diferente, feio e não ter pai, o que fazia com que sentisse vergonha das pessoas. Por volta dos 13 anos, por influência dos amigos, experimentou maconha, cigarro e álcool pela primeira vez. Consumia dois cigarros de maconha e um maço de cigarro comum (tabaco) por dia, além de álcool quase diariamente, resultando em inúmeras faltas na escola até o posterior completo abandono.
A primeira internação psiquiátrica de Felipe foi nesse período a pedido da família, em função do uso da maconha. Porém, após a internação, seguiu fazendo uso de múltiplas substâncias e começou a utilizar cocaína também, sempre nos fins de semana. Felipe terminou o ensino fundamental e largou os estudos depois disso. Chegou a trabalhar em redes de fast-food, mas logo foi para a construção civil atuar como servente de pedreiro, período em que intensificou o uso de álcool, cigarro e maconha. Não conseguia permanecer mais de quatro meses em cada emprego devido às consequências do uso das substâncias, as quais impactavam prejudicialmente o desempenho de Felipe. Aos 18 anos, foi morar com a mãe. Relatou que foi um período problemático, de muitas brigas em decorrência da bebida. Da mesma forma como sua avó, a mãe de Felipe também tinha dificuldades em impor limites. Aos 20 anos começou a namorar uma moça que o levou para festas de música eletrônica, quando também iniciou o uso de ecstasy.
Ao contrário do que a mãe de Felipe supôs, isto é, de que o namoro o conteria, foram três anos de relacionamento com uso ainda mais frequente de substâncias. Após o término, o uso de maconha e cocaína se tornou diário, pois alegava estar muito triste e as drogas o tiravam dessa tristeza, dando uma sensação boa. Junto de amigos, após utilizar uma grande quantidade de cocaína, Felipe teve um surto psicótico, resultando na segunda internação. Referiu ouvir vozes de comando que o mandavam se matar e afirmavam que ele não valia nada. Teve uma tentativa de suicídio por enforcamento com uma corda de varal, que foi impedida por um vizinho. Depois disso, sempre chorava, discutia com esse vizinho e o ameaçava de várias formas; estava constantemente desorientado, agitado e falava conteúdos diversos, referindo estar conversando com eles, as pessoas que falavam na cabeça dele.
Considerando o histórico e quadro atual de Felipe, há algumas possíveis abordagens de tratamento e terapêuticas, tais como a clínica, a farmacológica, a psicossocial, a educacional, entre outras. Além essas, há a abordagem multiprofissional e interdisciplinar, integrando ferramentas psicossociais, de teorias e técnicas psicoterápicas, entrevista psicológica, aconselha mento psicológico e até políticas públicas. Tendo em vista tal fato, exponha:
a) Quais fatores psicossociais podem ser identificados na história de Felipe como sendo de fator de risco para o desenvolvimento do transtorno por uso de substância/dependência química?
b) Em uma situação hipotética de acolhimento no serviço de atenção psicossocial, na entrevista inicial, quando se levanta informações do estado mental, quais alterações são identificadas no quadro de Felipe?
c) Defina política de redução de danos apresentando seu principal objetivo e tipos de benefícios para assistência psicossocial junto aos transtornos por uso de substâncias.
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