O IPCC lançou seu novo Relatório sobre Mudanças Climáticas em 2023, atualizando e sintetizando as informações de vários relatórios anteriores. IPCC é o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, constituído por um grupo de cientistas estabelecido pelas Nações Unidas para monitorar e assessorar toda a ciência global relacionada às mudanças climáticas.
Esse relatório nos traz notícias sobre o aumento de compromissos assumidos por alguns países em relação à utilização de tecnologias de baixo carbono. Entretanto, o relatório aponta que essas medidas ainda são insuficientes. Mesmo se todos os países do mundo implementarem todos os seus compromissos climáticos, isso provavelmente não evitará que o aquecimento global produza mudanças irreversíveis para alguns ecossistemas ao redor do mundo, o que seria fatal para as pessoas e toda a biodiversidade que dependem deles.
O relatório informa:
Barreiras sistêmicas limitam a implementação de opções de adaptação em setores, regiões e grupos sociais vulneráveis […]. As principais barreiras incluem recursos limitados, falta de engajamento do setor privado e sociedade, mobilização insuficiente de financiamento, falta de compromisso político, pesquisa limitada e/ou lenta e baixa compreensão da ciência de adaptação e um baixo senso de urgência. A inequidade e a pobreza também limitam a adaptação, levando a limites flexíveis e resultando em exposição e impactos desproporcionais para os grupos mais vulneráveis […]. As maiores lacunas de adaptação existem entre os grupos populacionais de menor renda […]. Como as opções de adaptação costumam ter longos períodos de implementação, o planejamento de longo prazo e a implementação acelerada, especialmente nesta década, são importantes para reduzir as lacunas de adaptação, reconhecendo que ainda há restrições em algumas regiões […]. A priorização de opções e transições de adaptação incremental para transformacional são limitadas devido a interesses constituídos, engessamentos (lock-ins) econômicos, dependências institucionais de trajetória e práticas, culturas, normas e sistemas de crenças prevalecentes […]. Muitas lacunas de financiamento, conhecimento e práticas permanecem para uma implementação, monitoramento e avaliação eficazes da adaptação […], incluindo, falta de alfabetização climática em todos os níveis e disponibilidade limitada de dados e informações […]; por exemplo, para a África, restrições severas de dados climáticos e inequidades no financiamento de pesquisa e liderança reduzem a capacidade de adaptação […].
IPCC, 2023: Summary for Policymakers. In: Climate Change 2023: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II and III to the Sixth
Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change [Core Writing Team, H. Lee and J. Romero (eds.)]. IPCC, Geneva,
Switzerland, pp. 1-34, doi: 10.59327/IPCC/AR6-9789291691647.001. p. 79-80. Disponível em: https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/
sirene/publicacoes/relatorios-do-ipcc/arquivos/pdf/copy_of_IPCC_Longer_Report_2023_Portugues.pdf. Acesso em: 26 jan. 2024. Adaptado.
Contribuindo com essa reflexão, segue um trecho do artigo intitulado “Mudanças climáticas, educação e meio ambiente: para além do Conservadorismo Dinâmico”.
O argumento que atravessa o texto parte da premissa de que as respostas mais visíveis ao problema nos meios políticos, midiáticos e, em parte, da comunidade científica, tendem ao reducionismo e estão aquém do desafio em curso, expressando uma posição que Schon (1973) e Guimarães (1995) denominaram de “Conservadorismo Dinâmico”. Para Guimarães, o Conservadorismo Dinâmico é “a tendência inercial do sistema para resistir à mudança, promovendo a aceitação do discurso transformador para garantir que nada mude” (1995, p. 118). Essa posição consegue ser mais danosa ao debate e busca soluções com base no Conservadorismo convencional porque cria um conjunto de respostas paliativas e simula um encaminhamento do problema que é incapaz de revertê-lo em sua complexidade e porque resulta na desmobilização e na despolitização dos atores nele envolvidos. Ou seja, aceitos os argumentos do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) de que a crise climática tem origem antropogênica e resulta do modelo de desenvolvimento, produção e consumo praticado pelas sociedades humanas desde a revolução industrial, é sensato concluir que sejam necessárias respostas abrangentes nas múltiplas dimensões do sistema responsável pela crise e não apenas reformas pontuais e setoriais para reverter ou minimizar o curso dos impactos já verificados e os graves riscos estimados para o futuro próximo. Essa constatação distingue a percepção da crise ambiental como desafio civilizatório ou como um problema de gestão meramente técnica. A presente reflexão adota o primeiro diagnóstico ao reconhecer a multidimensionalidade das crises ambiental e climática e investiga as possibilidades e limites de construção de uma sustentabilidade alternativa que seja plural e democrática. Para efeito de ilustração, consideram-se respostas atreladas ao Conservadorismo Dinâmico as que entendem que a ecoeficiência tecnológica, por si só, será capaz de promover o desacoplamento entre produção, energia e recursos naturais; os mecanismos de mercado de carbono criados ou propostos no âmbito do Protocolo de Kyoto como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL e a Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação – REDD; as iniciativas pautadas no consumo verde e no marketing ambiental; a defesa da transgenia na agricultura como solução para o desafio alimentar; o ambientalismo preservacionista das grandes ONGs internacionais em sua dissociação entre os problemas ecológicos e sociais e a aposta irrestrita nos biocombustíveis e na energia nuclear como soluções à questão energética. Ressalte-se que não se trata de desqualificar as diversas propostas de combate ou minimização da crise climática, mas de discutir seus limites ante a dimensão do problema considerado, sobretudo, quando são pensadas como soluções isoladas ou como formas de evitar mudanças mais abrangentes na ordem sistêmica instituída pelo capitalismo.
LIMA, G. F. C. ; LAYRARGUES, P. P. Mudanças climáticas, educação e meio ambiente: para além do Conservadorismo Dinâmico.
Educar em Revista, n. 3, p. 75-76, 2014. Curitiba: UFPR. Adaptado.
Nesse contexto, considerando, necessariamente, o que afirma o relatório do IPCC e o trecho do artigo que conceitua o “Conservadorismo Dinâmico”, elabore um texto dissertativo contínuo de 35 a 45 linhas cujo desenvolvimento apresente os seguintes pontos:
- a mudança climática como um problema socioambiental, em suas causas e soluções;
- a proposição de uma ação a ser implementada por uma política pública que vise ao enfrentamento da mudança climática e à superação do “Conservadorismo Dinâmico” no Brasil;
- a explicitação de duas contribuições dessa proposta para o alcance do objetivo dessa política.
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