Leia o texto a seguir.
CAPÍTULO CXXVII
O BARBEIRO
Perto de casa, havia um barbeiro, que me conhecia de vista, amava a rabeca e não tocava inteiramente mal. Na ocasião em que ia passando, executava não sei que peça. Parei na calçada a ouvi-lo (tudo são pretextos a um coração agoniado), ele viu-me, e continuou a tocar. Não atendeu a um freguês, e logo a outro, que ali foram, a despeito da hora e de ser domingo, confiar-lhe as caras à navalha. Perdeu-os sem perder uma nota; ia tocando para mim. Esta consideração fez-me chegar francamente à porta da loja, voltado para ele. Ao fundo, levantando a cortina de chita que fechava o interior da casa, vi apontar uma moça trigueira, vestido claro, flor no cabelo. Era a mulher dele; creio que me descobriu de dentro, e veio agradecer-me com a presença o favor que eu fazia ao marido. Se me não engano, chegou a dizê-lo com os olhos. Quanto ao marido, tocava agora com mais calor; sem ver a mulher, sem ver fregueses, grudava a face no instrumento, passava a alma ao arco, e tocava, tocava…
Divina arte! Ia-se formando um grupo, deixei a porta da loja e vim andando para casa; enfiei pelo corredor e subi as escadas sem estrépito.
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Câmara dos Deputados. CEDI. Edições Câmara. Brasília. 2017.
- Como sabemos, a narrativa mostra uma sequência cronológica de ações: indique dois processos utilizados pelo autor do texto para indicar a passagem do tempo.
- Como indicado no próprio texto, o narrador passa por um momento “agoniado”; mostre uma referência no texto que indica uma visão negativa do narrador e justifique.
- Toda narrativa parte de um fato desencadeador, que motiva o relato. Nesse caso, qual o fato desencadeador da narrativa?
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